ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 24-4-2003.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de abril de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias Vidal, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maristela Maffei, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Elias Vidal, a Emenda nº 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 036/03 (Processo nº 1262/03) e os Projetos de Lei do Legislativo nºs 079 e 080/03 (Processos nºs 1840 e 1880/03, respectivamente); pelo Vereador João Bosco Vaz, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 075 e 076/03 (Processos nºs 1819 e 1820/03, respectivamente); pelo Vereador Sebastião Melo, o Pedido de Informações nº 075/03 (Processo nº 1866/03). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 001/03, do Vereador Neudi Busolli, Presidente da Câmara Municipal de Relvado – RS; 001/03, do Vereador Astor Parnow, Presidente da Câmara Municipal de Sinimbu – RS; 002/03, do Vereador Adejair dos Santos Pedroso, Presidente da Câmara Municipal de Santana da Boa Vista – RS; 005/03, do Vereador José Jucelino Franco, Presidente da Câmara Municipal de Nova Esperança do Sul – RS; 014/03, da Vereadora Maria Sirlei Alves Boeira, Presidenta da Câmara Municipal de Monte Alegre dos Campos – RS. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Ben Hur Godolphim, Presidente do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul - CRO - RS, que relembrou políticas implementadas na área da saúde pública durante o período em que o Senhor Fernando Henrique Cardoso ocupou o cargo de Presidente da República. Ainda, destacou a importância da manutenção da saúde bucal, propugnando sejam desencadeadas ações que visem a estender serviços de odontologia à população carente. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Cláudio Sebenelo, Haroldo de Souza, Carlos Alberto Garcia, Dr. Goulart, Clênia Maranhão, Aldacir Oliboni, Reginaldo Pujol, Raul Carrion, Cassiá Carpes e Pedro Américo Leal manifestaram-se sobre o assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal deu continuidade à sua manifestação referente ao assunto abordado em Tribuna Popular, homenageando o aniversário de trinta e nove anos de existência dos Conselhos Regionais de Odontologia e destacando o transcurso, no dia vinte e um de abril do corrente, do aniversário da morte de Joaquim José da Silva Xavier, Mártir da Independência do Brasil, conhecido popularmente como Tiradentes. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Pedro Dauro de Lucena, Presidente da Liga de Defesa Nacional. Às quatorze horas e cinqüenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e dois minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Beto Moesch referiu-se à ação conjunta deste Legislativo com o Ministério Público do Rio Grande do Sul e a Empresa Pública de Transporte e Circulação – EPTC, no sentido de disciplinar a utilização de veículos de tração animal no Município. A respeito do assunto, divulgou a existência, em Porto Alegre, de área específica para o tratamento de cavalos que, utilizados em serviço, se encontram em precário estado de saúde. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença de alunos e das professoras Cristiane da Rosa, Emanuela Cardoso e Sônia Cruz, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Hugo Gerdau, de Sapucaia do Sul – RS, informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial da Casa junto a escolas e entidades de Porto Alegre e Região Metropolitana. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Alberto Garcia enfocou o sistema adotado pela Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior de Novo Hamburgo - FEEVALE - para o gerenciamento do estágio curricular realizado por alunos dessa instituição. Também, enfatizou a importância da exigência de que a supervisão dessa atividade profissional esteja, necessariamente, a cargo de profissional da mesma área de formação do estagiário estudante da FEEVALE. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou informações acerca dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Pestana informou ter recebido denúncias sobre possíveis empecilhos encontrados por algumas Cooperativas que, ao postularem o repasse de verbas estaduais, ficam obrigadas a efetuar registro junto à Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul - OCERGS, depositando valor referente à referida inscrição. Nesse sentido, afirmou que encaminhará o assunto à Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. O Vereador Cassiá Carpes pronunciou-se acerca das políticas habitacionais praticadas pelo Executivo Municipal, ressaltando a importância da regularização de loteamentos ocupados clandestinamente e elogiando o envolvimento da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos nesse assunto. Também, defendeu a discussão, no âmbito do Programa de Orçamento Participativo, da legalização dessas moradias antes da execução de obras de infra-estrutura no local. O Vereador Cláudio Sebenelo mencionou anúncios publicados na edição de hoje do jornal Zero Hora, relativos aos cem anos de existência da Companhia de Cigarros Souza Cruz, discorrendo sobre a instalação de uma fábrica de cigarros em Cachoeirinha - RS, analisando o contexto no qual estão inseridos os produtores e consumidores de cigarros e assemelhados e alertando para os malefícios que o uso contínuo desse produto acarreta para a saúde humana. A Vereadora Clênia Maranhão apoiou o pronunciamento efetuado pelo Vereador Cláudio Sebenelo em Comunicações, acerca dos problemas de saúde causados pelo consumo do tabaco. Também, teceu considerações sobre o trabalho desenvolvido pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes durante o corrente ano, especialmente no que tange à luta pela preservação do patrimônio histórico e cultural de Porto Alegre e propugnou pela adoção de medidas públicas eficazes nessa área. O Vereador Darci Campani informou que representará externamente este Legislativo na Assembléia de Articulação por uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, a ser realizada do dia vinte e cinco de abril do corrente, em São Paulo - SP, abordando os principais temas que serão tratados no evento, tais como a coleta, tratamento e destinação para os resíduos sólidos produzidos pelas cidades brasileiras, bem como a necessidade de edição de legislações que regulamentem o tema com eficiência. O Vereador Dr. Goulart manifestou-se sobre o término da greve deflagrada pelos médicos, odontólogos e servidores do Sistema Único de Saúde - SUS - que prestam serviços em Porto Alegre, afirmando que não foram obtidas soluções para os problemas enfrentados por esses trabalhadores, notadamente no que tange às diferenças salariais entre os profissionais e às más condições de trabalho por eles enfrentadas e criticando a atuação da Secretaria Municipal de Saúde quanto ao tema. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson referiu-se a Pedidos de Providências apresentados por Sua Excelência no mês de dezembro de dois mil e dois e durante o corrente mês, solicitando a remoção de lixo e a limpeza de área situada na Rua Dr. Barcelos, na Zona Sul de Porto Alegre, exibindo fotografias que demonstram não ter o Executivo Municipal atendido às referidas solicitações e externando sua contrariedade ao referido fato. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 044 e 036/03, este discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, Renato Guimarães, Elias Vidal e Zé Valdir, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 001/03, discutido pelo Vereador Renato Guimarães, os Projetos de Resolução nºs 033, 035 e 037/03; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 027, 046 e 033/03, este discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, os Projetos de Resolução nºs 023 e 025/03, este discutido pela Vereadora Clênia Maranhão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo defendeu a idéia de que o Poder Público tem a obrigação de instalar os serviços essenciais, especialmente o fornecimento de água potável e energia elétrica, nos loteamentos que não estão legalizados. Também, denunciou problemas verificados na prestação de serviços e nos preços praticados pelas companhias telefônicas que exercem suas atividades em Porto Alegre, afirmando que investigará esses problemas. O Vereador Elói Guimarães externou sua contrariedade às declarações prestadas à imprensa pelo Senhor Luís Inácio Lula da Silva, Presidente da República, no que tange à atuação do Poder Judiciário no Brasil, bem como à existência de irregularidades no desempenho de suas atividades julgadoras, explicando as principais prerrogativas e funções institucionais típicas desse Poder e lamentando os juízos de valor emitidos por Sua Excelência quanto ao tema. O Vereador Wilton Araújo discorreu sobre problemas de ausência de sinalização nas ruas de Porto Alegre, especialmente no que tange à falta de placas indicativas de nomes de logradouros e de rotas de tráfego, mencionando os resultados de pesquisa elaborada por Sua Excelência com a finalidade de constatar as áreas mais carentes de sinalização e declarando que as regiões mais carentes da Cidade são as que mais sofrem com essa situação. O Vereador Raul Carrion teceu considerações sobre os problemas habitacionais existentes no Município de Porto Alegre, relatando a atuação da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação quanto a despejos verificados em várias áreas da Cidade e saudando notícia de liberação, pelo Governo Federal, de cinco bilhões e trezentos mil reais para a construção de cerca de trezentas mil moradias populares para famílias que percebem até três salários mínimos de renda. O Vereador Luiz Braz discutiu a implantação do Programa Fome Zero pelo Governo Federal, defendendo a necessidade de ações conjuntas, nos âmbitos municipal, estadual e federal, com a finalidade de dar sustentação a essa iniciativa. Nesse sentido, reportou-se contrariamente às políticas públicas implementadas pelo Governo do Partido dos Trabalhadores em Porto Alegre nas áreas da educação infantil e assistência social às crianças de rua. O Vereador Darci Campani replicou críticas feitas ao Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, que se manifestou favoravelmente ao controle externo do Poder Judiciário, justificando a necessidade da participação popular no controle das ações públicas em todas as instâncias. Também, ressaltou a qualidade do atendimento à infância desenvolvido em Porto Alegre, alegando que o Governo Municipal tem proporcionado um sistema humanista de ensino nas escolas públicas. O Vereador Reginaldo Pujol, contraditando informações prestadas pelo Vereador Darci Campani em Comunicação de Líder, relativamente à política de ensino público aplicada em Porto Alegre, questionou a eficácia do sistema educacional em ciclos vigente nas escolas da rede municipal. Ainda, afirmou que o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, teria desaconselhado, em declarações à imprensa, a aplicação dessa metodologia de ensino no Brasil. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n° 001/02, que foi discutido pelo Vereador Sebastião Melo. Em Discussão Geral, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n° 005/02, que foi discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Pedro Américo Leal, Marcelo Danéris, Luiz Braz e Elói Guimarães. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 084/02, o qual, após ser discutido pelo Vereador Wilton Araújo e encaminhado à votação pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Wilton Araújo, Luiz Braz, João Carlos Nedel, Reginaldo Pujol e Raul Carrion, deixou de ser votado, face à inexistência de quórum deliberativo. Na ocasião, face manifestações do Vereador João Carlos Nedel, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão. Às dezoito horas e trinta e quatro minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, em verificação solicitada pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e Maria Celeste e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Ben Hur Godolphim, representando o Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul, está com a palavra, para tratar de assunto relativo ao transcurso do 39.º aniversário dos Conselhos Regionais de Odontologia, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. BEN HUR GODOLPHIM: Boa-tarde a todos. Presidente desta Casa, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, público e colegas presentes, é uma grande honra para nós, uma satisfação muito grande e um privilégio estarmos ocupando, neste momento, a Tribuna Popular. Nós, que já temos batido nas portas desta Casa, temos tido sempre uma excelente acolhida por parte dos Vereadores, e muitos Projetos de Lei, em âmbito municipal, têm transitado aqui por solicitação nossa, pelo acolhimento dos Vereadores. Então, agradeço muito a lembrança de se fazer uma homenagem aos 39 anos do Conselho de Odontologia, e neste momento, então, nos ocorre falarmos de algumas coisas referentes à saúde bucal.

Nós, como cidadãos, gostaríamos de ocupar esta tribuna, como porto-alegrenses que somos, que tantos anos de vivência nós já temos aqui na nossa Cidade, para falarmos de outros assuntos atinentes à Cidade, como, por exemplo, o nosso trânsito, a questão da violência, a questão da beleza desta Cidade, uma Cidade maravilhosa, realmente, que é Porto Alegre, com seus parques, com a sua quantidade grande de árvores. É uma Cidade inusitada. Teríamos, então, muito que falar. Nós estamos aqui hoje para falar sobre a saúde bucal, colocando, então, a Odontologia.

Gostaria de lembrar que recentemente, há cerca de dois anos, o ex-Ministro José Serra, quando então Ministro da Saúde, criou o Programa de Saúde da Família, exatamente porque percebeu que havia uma quantidade muito grande de brasileiros que não eram alcançados pelo “guarda-chuva da saúde”, estavam, assim, como que marginalizados. Situação essa que perdura até hoje, ainda há essa condição.

Esse Programa de Saúde da Família, criado pelo Ministro Serra, é formado por equipes, sendo um médico, um enfermeiro e seis agentes de saúde, cujo objetivo seria levar os conhecimentos de saúde aos rincões mais longínquos, mais distantes da comunidade brasileira. Visto que a Odontologia não estava incluída nesse Programa, o nosso Presidente do Conselho Federal, Sr. Miguel Nobre, que por sinal é nosso conterrâneo, ele ficou muito chateado com o fato de que a Odontologia não estava incluída nesse Programa que, em tão boa hora, o Ministro José Serra estava criando.

Mas por que será que o Ministro não se lembrou da Odontologia? E ele disse: “Será que nós vamos atribuir ao Ministro essa falha? Ou será que essa falha não é nossa mesmo?”

Talvez, seja porque nós, dentistas, não estamos nos valorizando, valorizando o nosso trabalho, levando os conhecimentos da Odontologia para a comunidade governante, e, assim, então, a comunidade governante não tem como se lembrar de nós. Então, esse é um problema nosso. O nosso Presidente procurou o Ministro José Serra e fê-lo ver que trinta milhões de brasileiros, neste Brasil, nunca haviam tido a oportunidade de estar na frente de um dentista. Trinta milhões de brasileiros nunca haviam ido ao dentista!

Então, quando o Ministro soube disso, naturalmente, ele tratou de modificar e emendou o Programa de Saúde da Família, incluindo uma equipe de saúde bucal nesse Programa.

Por questões de orçamento, incluiu uma equipe de saúde bucal para duas equipes de saúde geral, de saúde médica.

O nosso Presidente, o Miguel Nobre, percebeu que a Odontologia precisa se mostrar, é preciso saber, a população precisa saber, os nossos governantes precisam saber a importância que tem a saúde bucal na saúde geral. Criou programas de divulgação como o “Só Existe Saúde Com Saúde Na Boca”. De grande importância isso, porque a boca faz parte do corpo integral do indivíduo, não está separada.

Por exemplo, nos Estados Unidos - onde existe muita estatística -, 40% das endocardites bacterianas são de origem bucal; uma quantidade muito grande de doenças sistêmicas têm origem nas afecções bucais, têm sinais bucais, assim como as doenças que acometem a boca também têm sinais sistêmicos.

Então, como é que nós poderíamos isolar a boca, a saúde da boca da saúde geral do organismo? Não era possível. Sendo assim, se imaginou que devíamos iniciar um programa de conscientização, onde a Odontologia fosse uma Odontologia para todos.

Este é o sentido de hoje eu estar ocupando esta tribuna para trazer esta mensagem para os nossos Edis de Porto Alegre de que só existe saúde com saúde na boca, que a Odontologia é absolutamente necessária e que existe uma carência muito grande de tratamento odontológico. Será que no município de Porto Alegre não há carências no que se refere ao tratamento dentário, ao tratamento da saúde da boca? Claro que existe. Se atentarmos que no Rio Grande do Sul há dez milhões de habitantes, dentre os quais, cerca de cinco milhões é economicamente ativa e que sustenta os outros cinco milhões, desses cinco milhões de pessoas economicamente ativas, em torno de um milhão e oitocentas mil pessoas ganham menos de dois salários mínimos, estando, portanto, abaixo da linha da pobreza - como essas pessoas vão-se socorrer da saúde, como terão saúde bucal se os órgãos públicos não abrangerem nos seus programas essa população carente? Porto Alegre tem cerca de dois milhões de habitantes, mas acreditamos que, no mínimo, seiscentas mil pessoas devem estar abaixo da linha de pobreza – como essas pessoas poderão ser atendidas pelo serviço público? Será que o nosso serviço público abrange essas pessoas todas? O Rio Grande do Sul é tido como um Estado com um excelente estado sanitário da população, melhor que a maioria dos nossos Estados, mas, ainda assim a marginalização, que a condição econômica determina, faz com que um número muito grande de pessoas não seja abrangido por esse “guarda-chuva da saúde institucional”.

Voltando ao Programa de Saúde na Familiar, que foi planejado para que uma equipe de saúde atendesse a mil famílias, que correspondem a quatro mil pessoas, pergunto: quantas equipes de saúde da família há no município de Porto Alegre? O município de Porto Alegre tem sessenta e uma equipes, considerando que cada equipe poderia abranger um número de quatro mil pessoas, isso daria um total de duzentas e quarenta e quatro mil pessoas. Então, o “guarda-chuva” que o Programa de Saúde da Família poderia estar abrangendo seria de duzentas e quarenta e quatro mil pessoas. Mas estou seguro de que, pelo menos, seiscentas mil pessoas estão abaixo da linha da pobreza e, portanto, não podem pagar tratamento. Então, temos um déficit de trezentas e cinqüenta mil pessoas em Porto Alegre, com uma grande dificuldade de ter assistência à saúde e, naturalmente, assistência odontológica. Mas o que fazer, então? O Município pode se cadastrar, pode criar suas equipes de família. Por que será que tem apenas sessenta e uma equipes? E é interessante que o Ministro José Serra estabeleceu que tivesse uma equipe de saúde bucal para duas equipes de saúde geral, mas aqui no município de Porto Alegre existem apenas treze equipes de saúde bucal para sessenta e uma equipes de saúde geral. E, se levarmos em consideração a verba que existe para isso... Queremos dizer que, oxalá, a saúde bucal atinja, como o nosso pensamento, a todos os brasileiros. Que todos os dias na vida do brasileiro seja também o dia de ir ao dentista, que tenha recursos para isso. E agora existe o Programa Fome Zero. Mas fome zero, a pessoa come com a boca, é preciso, também, que ela tenha boas condições de funcionamento dessa boca, que tenha dentes para comer, que tenha cárie zero, e lembrando também que a nossa face, a nossa boca foi feita para sorrir. Que, então, a Odontologia possa fazer com que todas as pessoas possam sorrir com todos os seus dentes. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Convidamos o Sr. Ben Hur Godolphim a fazer parte da Mesa.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Muito obrigado, Presidente. Dr. Ben Hur Goldolphim, hoje, talvez, é um dos dias mais felizes do meu mandato. Eu sou um médico modesto e tive a felicidade de ser Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, e no Posto Floresta, fizemos treze postos de saúde da família, construídos por este locutor que vos fala; lá tem uma experiência que a Organização Mundial de Saúde considera padrão, a respeito da incidência de cáries em crianças de idade pré-escolar, na escola, e o trabalho de prevenção feito. Então, esse é um trabalho, mas outro que nós criamos é o atendimento a pacientes especiais com a anestesia geral e restauração de todos os dentes de aidéticos, de encefalopatas, de portadores de Síndrome de Down e de uma série de outros pacientes, chamados pacientes especiais. Nós fizemos um trabalho em que esses pacientes semestralmente se submetem a essa correção preventiva, sob anestesia geral, de toda a arcada dentária. Nós não temos mais incidência de mediastinite, de que essas crianças morriam; abscesso pulmonar, pneumonias, bronquiectasias, desapareceram. Desapareceram as dores de dente e, muitas vezes, as hipercineses dessas pessoas. E mais do que isso: essas pessoas voltaram a se alimentar e voltaram a ter, inclusive, a cura das suas escaras. Por quê? Porque se faz prevenção.

Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida, porque eu o ouvi, e o ouvi com toda atenção de uma pessoa que acredita na prevenção, que acredita na saúde da família e que acredita profundamente nesse novo e antigo método que o senhor vem apregoar aqui, que é a prevenção. Meus parabéns, estou muito feliz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

 O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar saúdo V. S.ª, Ben Hur Godolphim, em nome do PMDB, mas é com uma pergunta: a partir dos 6 anos de idade a criança está na escola, certo? Essa prevenção e essa observação, esse cuidado com a criança, até que idade ela deveria ser atendida na escola, pelo dentista, que poderia ser de responsabilidade do Município?

 

 O SR. BEN HUR GODOLPHIM: Eu penso que até terminar o crescimento.

 

 O SR. HAROLDO DE SOUZA: Esse crescimento seria até que idade?

 

 O SR. BEN HUR GODOLPHIM: Por volta dos 18 anos de idade.

 

 O SR. HAROLDO DE SOUZA: Fico muito agradecido pela sua presença, foi só uma pergunta, porque estou pensando aqui em um possível Projeto para deixar sob a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, já que nós falamos muito no que devemos fazer, mas muito pouco nós fazemos. Muito obrigado pela sua presença.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Dr. Ben Hur Godolphim, Presidente do Conselho Regional de Odontologia, queremos saudá-lo, primeiramente, pelo 39.º aniversário do Conselho. Sabemos da importância do Conselho como órgão: primeiro, aquele que vai cuidar do exercício profissional da sua categoria e, segundo, pela responsabilidade social que os Conselhos têm perante a sociedade.

Então, eu acho que essa é uma marca muito importante, e o senhor e os seus pares têm cuidado muito bem disso.

Ouvi atentamente a sua fala relativa à saúde bucal, e há pouco eu dizia para a Ver.ª Margarete Moraes que o primeiro Projeto de que fui Relator aqui na Casa, no meu primeiro mandato, foi de um Vereador que estava propondo dar prótese para pessoas acima de 65 anos. E o que eu fiz? Dei cópias desse Projeto a vários amigos meus odontólogos para emitirem um parecer, e o interessante foi que a grande maioria deles disse que era meritória, mas que o importante era nós começarmos a trabalhar na primeira infância, na orientação – isso que o senhor falou hoje.

Então, à medida em que nós começarmos a ter essa visão preventiva, certamente nós teremos idosos com os seus dentes, não precisando fazer os implantes e ter dentaduras.

Com essa nova visão de não esquecer da parte curativa, mas ressaltar a parte preventiva, eu acho que hoje - e aí vamos dizer a Medicina, como um todo -, todas da áreas da saúde tem muito a lucrar.

Então, parabéns pelo 39.º aniversário do Conselho Regional de Odontologia e a todos os seus pares. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DR. GOULART: Queria cumprimentar a passagem dos 39 anos do Conselho de Odontologia e saudar o nosso Presidente Ben Hur Godolphim, de quem ouço falar durante muito tempo na família Ciulla, e quero dizer: que pena que a minha manifestação tenha de ser um pouco mais de ansiedade do que a dos meus colegas; que pena que depois dos postos do Nossa Senhora da Conceição, trabalhados pelo colega Ver. Cláudio Sebenelo, as coisas não evoluíram, como deveriam ter evoluído na Saúde da Família e o Rio Grande do Sul é o Estado que menos política de Saúde de Família tem de toda a Federação brasileira! Portanto, Santa Catarina, que não é tão evoluída na parte de saúde quanto o centro do Rio Grande do Sul, tem mais Saúde de Família do que o nosso Estado, que fornece só modelo, mas na prática não funciona. Sabemos que a dor de dente espanta, e em Cachoeirinha eu coloquei, pela primeira vez, dentista 24 horas, quando Secretário da Saúde, no Posto da Vila Anair.

Sei que é preciso fazer a digestão misturando bem na mastigação com a ptialina para que as coisas desçam no primeiro momento da digestão para o estômago; sei, também, que a gengivite é a causa da instalação de germes, que depois vão para as válvula cardíacas, trazendo tantos transtornos graves para saúde, porque nós não nos importamos com a boca.

Mas, a pergunta, Presidente, é: em que parte do SUS os dentistas atendem em Porto Alegre? E o interessante é que Porto Alegre é uns dos melhores lugares do Brasil. Pobre Brasil, como estás Brasil, onde estás Brasil, na saúde?! Então, quero lhe dizer que pode ter um, dois ou três dentistas unidos pela repreensão do gestor depois da sua greve legítima, abandonados pelo gestor, mas onde tem política de saúde? Diga para nós em que postos um pobre pode ir atender os seus dentes? Não existe.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, queria dizer ao Dr. Ben Hur, que é um prazer muito grande receber o senhor nesta Casa. Temos acompanhado o trabalho do Conselho, e eu acho que os ondontólogos de nosso Estado estão de parabéns neste dia pelos 39 anos do Conselho. Eu tive a oportunidade de me dedicar um pouco mais à questão da saúde bucal, quando construí nesta Casa um Projeto de Lei, que hoje é Lei no nosso Município, referente ao índice de flúor na água que a população de Porto Alegre toma. Pude, naquela oportunidade, conversando com vários ondontólogos e me apoiando nos meus trabalhos técnicos do Conselho, compreender o quanto é débil, o quanto realmente é desumana a realidade da saúde bucal no nosso Município. Quem tem dinheiro vai ao consultório privado; quem não tem dinheiro – a quase totalidade da maioria da população, fundamentalmente a população infantil e adolescente, que teriam que ter o cuidado fundamental de ter acesso aos programas públicos de saúde bucal - está completamente marginalizado, conforme o senhor comprova aqui nos dados que trouxe nesta tarde.

Eu espero que a sua vinda a esta Casa não seja em vão. Eu espero que nós, os Vereadores, independentes das Bancadas, dos Partidos aos quais nós estamos filiados, possamos nos transformar, a partir de hoje, em militantes da defesa de uma política pública no município de Porto Alegre na área da saúde bucal. Eu vi várias intervenções aqui dizendo... E uma coisa que eu tenho escutado muito em Porto Alegre: “Porto Alegre, a melhor qualidade de vida; Porto Alegre, o melhor índice...; Porto Alegre, o melhor aquilo”. Eu acho que, em vez de a gente repetir isso, a gente tem de procurar, efetivamente, descer ao nível da realidade, porque é muito mais prático ter uma posição ufanista. Mas é muito mais coerente ter uma posição de investigação para contribuir para que, efetivamente, Porto Alegre seja essa Cidade dos nossos sonhos, da melhor qualidade de vida do País em todas as áreas, inclusive na área de saúde pública.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, nós também queremos nos solidarizar à homenagem ao 39.º aniversário do Conselho Regional de Odontologia, parabenizando aqui a iniciativa do Presidente Ben Hur, que traz para a Casa uma discussão política sobre o tema de saúde bucal. É importante lembrar aos inúmeros Vereadores e à população de Porto Alegre que, em 1995, por exemplo, no GHC - Grupo Hospitalar Conceição -, quando aquele grupo era presidido pelo nobre Ver. Sebastião Sebenelo, que está aqui, e quando o nosso colega Ver. Juarez Pinheiro era Diretor Administrativo, foi feito um dos maiores investimentos naquela época; por exemplo, 4 milhões de reais em apenas um ano para não só ampliar os serviços odontológicos, mas também qualificá-los, porque o GHC, no caso, não só atende Porto Alegre, como a Grande Porto Alegre e todo o Estado.

Essas iniciativas de Vereadores, de companheiros e até do município de Porto Alegre, quando ele recebe, há doze anos, doze postos de saúde e, na sua gestão de doze anos, implementa para cento e trinta postos de saúde, isto demonstra o interesse e a extrema importância no investimento da saúde. E grande parte deles tem um atendimento odontológico.

Então, o importante não é só pensar numa prevenção de saúde bucal, não só qualificá-la, mas ampliar para aquelas classes que ainda não a têm. Então, nós temos inúmeros bairros em Porto Alegre, é claro, que ainda não têm um posto de saúde qualificado, não temos ainda um posto de saúde que tenha um aparelho odontológico, etc. Espero que o nosso Governador Germano Rigotto nos ajude, porque, na campanha, ele disse que a cada mil metros iria ter um posto de saúde. Eu vou fazer um apelo no sentido de que ele nos ajude e que também coloque um aparelho odontológico, porque só Porto Alegre não vai conseguir resolver toda a problemática. Todos nós temos de ter iniciativa e boa vontade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, ao mesmo tempo em que saúdo o Dr. Ben Hur Godolphim, Presidente do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul, pela sua presença entre nós, gostaria de dizer da importância da manifestação proferida pelo nosso convidado no dia de hoje. Na verdade, a visão que a grande maioria daqueles que, como eu, nasceram na primeira metade do século que passou têm, de um dentista opressor, com aquelas brocas pesadas e que criavam traumas quase que insuperáveis, precisa ser alterado. O dentista, o cirurgião-dentista, o odontólogo conselheiro que realiza um trabalho de prevenção da saúde, de prevenção da cárie que, se realizado conforme é preconizado, não dará oportunidade sequer que se faça a prova com os equipamentos modernos que hoje não mais traumatizam, porque tornaria essa ação curativa absolutamente dispensável. Eu ouvi, com muita atenção, o seu pronunciamento, especialmente a forma com que o ex-Ministro José Serra foi convencido da necessidade de alterar o seu plano de saúde da família, porque existe um adágio popular que diz que tudo na vida começa pela boca, na medida em que os alimentos que nós ingerimos, e que são a razão da nossa subsistência e da nossa sobrevivência, são exatamente ingressos no organismo por meio da boca e ao ingressar no organismo por meio da boca, que podem e com freqüência geram algumas situações, que a boa higiene bucal se encarrega de resolver, desde que ela seja incutida na pessoa como uma norma salutar de saúde pública.

Eu cumprimento o Conselho Regional de Odontologia que, de forma socialmente responsável, se volta para essa tarefa que lhe seria até muito mais conveniente não realizá-la, na medida em que, se não houvesse a prevenção, maior seria o número de clientes que os procurariam nos seus respectivos consultórios, mas como há responsabilidade social da categoria, realizam essa programação e merecem os meus cumprimentos e as minhas homenagens. Sejam sempre bem-vindos nesta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao Sr. Ben Hur Godolphim, em nome de quem saudamos outras lideranças, como o Presidente do Sindicato, que se encontra, hoje, presente aqui. Queríamos dizer que, realmente, essa questão do atendimento à saúde bucal é extremamente grave, eu diria até que a estimativa de trinta milhões de pessoas que não têm o atendimento bucal é conservadora, se considerarmos que temos mais de 56 milhões de miseráveis no Brasil, abaixo da linha da pobreza, etc. Também, é desnecessário dizer, já foi exposto aqui, da importância para a saúde, a saúde bucal. O que nós achamos é que certamente não foi por esquecimento, Sr. Ben Hur Godolphim, que o Ministro José Serra não colocou dentistas nessas equipes; porque qualquer pessoa medianamente instruída sabe que a saúde inclui, também, a saúde bucal, mas se deve às contenções de despesa na área de Saúde. Num País onde temos, somente, cerca de 20 bilhões para Saúde, enquanto isso gastamos 150 bilhões de reais só para pagar os juros aos banqueiros, mais de sete vezes o que se usa para toda saúde - bucal e corporal.

Portanto, parabenizamos o Conselho e as entidades que nessa caminhada, nessa campanha, trazem à tona e tornam consciente para todos a problemática, mas achamos que é uma caminhada difícil, longa para construir esse novo Brasil, esse outro Brasil possível, que certamente, pelo menos, os horizontes nos apresentam, não imediatos, mas a possibilidade de superar. Então, parabéns. Sigam nessa caminhada e tenham nesta Casa e na Bancada do Partido Comunista do Brasil parceiros para essa luta. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr. Ben Hur Godolphim, nossa satisfação em recebê-lo aqui nesta Casa; em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, quero desejar que, neste aniversário, neste momento importante da vida brasileira, onde a saúde bucal é importantíssima, nós possamos dar a contribuição, o apoio necessário para as metas do Conselho, porque entendemos que é importante, desde a escola, desde o Ensino Fundamental, desde, até, da creche, que nós possamos, com o auxílio do Conselho de Odontologia, tentar minimizar essa situação dramática do povo brasileiro, que não cuida, muitas vezes, da sua saúde, até porque os Governos não dão a orientação necessária.

Portanto, parabéns por este aniversário. Sigam fazendo esse trabalho belíssimo em benefício da população brasileira. Esta é a mensagem do Partido Trabalhista Brasileiro. Muito obrigado pela sua presença.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, o Ver. Pedro Américo Leal, que solicitou à Mesa que aos seus dois minutos fosse anexado o seu tempo de Comunicação de Líder, já que S. Ex.ª pretende fazer uma homenagem aos 39 anos do Conselho Regional de Odontologia ao mesmo tempo que pretende homenagear Tiradentes e a Liga de Defesa Nacional. Ver. Pedro Américo Leal, eu peço que V. Ex.ª também faça a saudação em nome da Casa.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Ex.mo Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta Casa não esqueceu do dia dedicado à memória do grande mártir da Independência, que foi Tiradentes. O Coronel Pedro Dauro de Lucena, está aqui, Presidente da Liga de Defesa Nacional, ele endereçou-me Ofício, aliás endereçou ao Presidente. (Lê.)

“Sr. Presidente. Ao tempo que o cumprimentamos cordialmente, trazemos à sua consideração, em nome de nossa entidade, do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul, a solicitação de que seja promovida uma Sessão em homenagem a Tiradentes na semana compreendida entre os dias 22 de abril e 25 do corrente ano. José Joaquim da Silva Xavier, o mártir da Independência, também o patrono dos odontólogos, em razão da profissão que exercia e que lhe valeu o cognome de Tiradentes. E, assim, propomos que tal homenagem enfatize não só a figura patriótica do alferes, como também a do profissional de odontologia, sendo o que apresento para o momento. Agradecemos antecipadamente e subscrevemo-nos. Tudo pelo Brasil.

                                                  (a) Pedro Dauro de Lucena.”

Está presente o Presidente do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul, que confessou que foi sargento da Unidade em que o Pedro Dauro de Lucena foi tenente. Está aqui festejando o transcurso do 39.º aniversário dos Conselhos Regionais de Odontologia, e o Sr. Ben Hur Godolphim, para receber esta homenagem, e o patrono da Independência Tiradentes, vai receber a homenagem e o merecido destaque.

Não fomos indiferentes; esta Casa não esqueceu da memória de Tiradentes ao longo do tempo. Deixei para hoje, devidamente credenciado pelo Sr. Presidente, para realçar a figura, do mártir da Independência. Joaquim José da Silva Xavier, o alferes do Regimento de Cavalaria de Minas Gerais, que há de ser, através dos tempos, figura que intrigará, no tropel dos acontecimentos da nossa história, a todos nós. Por que morreu sozinho, solitário, açambarcando toda a culpa? A história não explica. Esquartejado, salgado. Por quê? Dentista prático, licenciado, é claro, tornou-se, por sua mobilidade, um propagador de idéias; idéias de liberdade que empolgavam os patriotas, os sonhadores da época. Pregava, por onde passava, os seus sonhos quase utópicos - hoje tão em voga: sonhos utópicos -, mas que fracassaram na infidelidade de alguns e no medo de muitos. Mas por que perseverou? Quando quase tudo em sua volta desmoronava, ele, inflexível, permaneceu com a mesma opinião, e se escalou a ser o mártir da Independência. Por quê? A história não respondeu até hoje esse porquê. Como rastilho de pólvora, o seu entusiasmo vinha da declaração de Independência dos Estados Unidos, das idéias revolucionárias dos iluministas que instaladas na França e que cutucavam os brasileiros. Queria uma pátria livre, cujos bens colhidos, arrancados e recambiados aqui dos brasileiros, fossem garantir o luxo das elites das cortes portuguesas nos desmandos da Coroa. O “basta” às exigências de mais de 500 arrobas de ouro, um acréscimo que Portugal nos dava: Era o sangue, o suor de um povo que geme até hoje uma dívida externa enorme. “Libertas quae sera tamen” - tremula na bandeira de Minas Gerais, dístico maravilhoso, que causa inveja a nós, aqui, do Rio Grande, que nos vangloriamos das nossas façanhas épicas.

“Liberdade ainda que tardia!” Os povos do mundo anseiam por esse grito, pela democracia, pela liberdade, pela expressão de idéias, do pensamento, da vida do ser humano.

Por que Tiradentes, o prático licenciado, o dentista, o alferes de cavalaria não baixou a cabeça e não se acomodou como os outros? Cláudio Manoel da Costa, o intelectual; Tomás Antonio Gonzaga; Alvarenga Peixoto, todos homens da intelectualidade, se dobraram e partiram para o degredo. Tiradentes caminhou para a forca. Barbado, magro, fez a caminhada até lá, com seu confessor ao lado, de cima do patíbulo, humilde, altivo, virou-se para o carrasco e exclamou: “Amigo, faz o teu serviço.” Foi isso que disse para aquele que o iria enforcar. Foi sua última voz de comando, anestesiado, como os dentistas ainda nos submetem - anestesiar, para não sentir dor. De forma suave, compreensiva, lá estava o executor, que puxaria o cadafalso. Sem bravatas, diante da tropa postada, obrigada, em posição de sentido, ou descansar, para o espetáculo; O povo incrédulo diante do quadro, olhando todos, com docilidade e compreensão, é o que reza a história. Um homem contra uma nação, contra uma potência, na época. Equivale aos Estados Unidos hoje. Não consta, na época, a reação desse povo. Por certo, há de ter sido de constrangimento, de lágrimas diante de cena comovente. Quem gosta de ver alguém ser enforcado? E um homem que não tinha culpa o alferes dentista, antes de ser esquartejado, não negara suas convicções. Conservara toda a sua convicção! Não voltou atrás! Como era o desejo da Coroa, que oferecia o degredo em troca de um “sim”, que ele não preferiu. Morreu de pé, como morre o enforcado, em posição de sentido.

Reparem, o enforcado é o único que, no seu ato extremo, morre em posição de sentido. Morreu como o soldado que sempre foi. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Neste momento em que a Casa, na Tribuna Popular, homenageou o 39.º aniversário dos Conselhos Regionais de Odontologia, também saudamos Tiradentes e a Liga de Defesa Nacional, na palavra de Pedro Américo Leal, que falou pela Casa.

Nós agradecemos as presenças do Dr. Ben Hur Godolphim, Presidente do Conselho Regional de Odontologia e também do Sr. Pedro Dauro de Lucena, Presidente da Liga de Defesa Nacional.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h59min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib - 15h02min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, estudantes que nos visitam, gostaria de abordar um assunto de que estamos tratando, nesta Casa, desde 2001, realizando reuniões mensais, na última segunda-feira de cada mês, Ver. Ervino Besson, sobre uma política de bem-estar dos animais.

Esse trabalho eu iniciei junto com o Ver. Adeli Sell. Logo após, o Ver. Ervino Besson e a Comissão de Saúde e Meio Ambiente somaram-se a esse trabalho e conseguimos pautar algo que não era pautado ainda na cidade de Porto Alegre e que passou a ser.

Trago isso porque tive a honra de receber a visita do novo Presidente da EPTC, Túlio Zamin, que, justamente, foi ao nosso encontro para estreitarmos uma parceria que estabelecemos em 2001.

Com o trabalho que realizamos aqui, conseguimos que o Ministério Público, por exemplo - outras atribuições conseguimos repassar ao Executivo -, abrisse um inquérito civil e firmasse um termo de compromisso de ajustamento de conduta com a EPTC, para que a EPTC, que é o órgão fiscalizador e disciplinador do trânsito da Cidade - o trânsito foi municipalizado; é competência da EPTC, da Prefeitura de Porto Alegre -, para que essa instituição passasse a coordenar, fiscalizar e disciplinar o uso de carroças na cidade de Porto Alegre. Por que isso? Nós fizemos um Pedido de Informação perguntando sobre o número de carroças que circulam na Cidade, quantas autuações haviam sido feitas por irregularidade; com relação ao maus-tratos, quantos tinham sido averiguados. Resposta - em 2001 isso -: que a EPTC não tinha esses dados, porque tudo isso era com a Brigada Militar. Na época, houve, portanto, uma omissão confessa da Prefeitura, repassando uma atribuição que era sua para o Governo do Estado. Fizemos a representação ao Ministério Público, que então abriu o inquérito civil, e firmou um termo de compromisso de ajustamento de conduta, que está valendo até hoje, no mesmo ano de 2001. Isso tem evoluído, com blitze quinzenais em carroças. Porto Alegre é a Capital das carroças; nenhuma outra cidade no Brasil possui tantas carroças como Porto Alegre. Mas nós temos uma blitz de carroças quinzenalmente. E conseguimos a aquisição de um local, na Zona Sul da cidade de Porto Alegre, para onde os cavalos maltratados, em más condições, sejam levados, para serem recuperados. Isso nós conseguimos. Agora, o número de carroças não está diminuindo na cidade de Porto Alegre. E mais, aproveitamos a visita do Presidente da EPTC ao nosso Gabinete para passar um dado, Ver. Darci Campani: mais de 90% das carroças - e nós já debatemos várias vezes isso -, são decorrentes da busca de resíduos para posterior venda. Então, nós temos que trabalhar agora a causa. É claro que, na ponta final, nós temos que continuar cobrando, estamos cobrando, e fomos muito claros ao Presidente da EPTC, na fiscalização das carroças: menores conduzindo as carroças, maltratados, circulando em avenidas movimentadíssima no horário do rush, no horário de pique. Mas, para trabalharmos a causa do problema, nós temos que identificar quem são os carroceiros, e procurar levar o material que eles buscam, até eles, junto com a iniciativa privada, o Poder Executivo e nós, Câmara de Vereadores. Repassamos isso, porque é um trabalho que deve ser intersecretarias e da sociedade como um todo, Ver. Pedro Américo Leal.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Beto Moesch, eu sei da vossa sensibilidade com esses problemas que circundam, não só os animais como a própria natureza. Mas eu já perdi as esperanças, nesta Cidade, de disciplinar carroças. Não há como disciplinar. A Prefeitura não toma conhecimento disso; são crianças que transportam fardos inúmeros, monstruosos. Não estou pensando apenas no animal, mas pensando também na segurança dos que conduzem os automóveis. É incrível, a Prefeitura tem que se conscientizar de que ela precisa assumir isso! Tanto, que eu fiz um pronunciamento aqui no dia que saudamos a Marley, que foi só sobre isso, até acharam estranho, porque, num dia em que elevávamos a Marley, eu falava sobre cavalo.

 

O SR. BETO MOESCH: Então, para encerrar, Ver. Pedro Américo Leal, apenas para colocar, Sr. Presidente, que estamos atentos a isso e, mais uma vez, na segunda-feira, realizaremos mais uma reunião mensal sobre o bem-estar dos animais, onde o disciplinamento das carroças será prioritário. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nós registramos com muita satisfação a presença de alunos e professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Hugo Gerdau. A Escola é de Sapucaia do Sul; são 48 alunos da 4.ª série; as professoras Cristiane da Rosa, Emanuela Cardoso e Sônia Cruz são as responsáveis pelos jovens.

Os jovens estudantes são as nossas certezas de que amanhã teremos um Brasil melhor do que temos hoje, depende de quanto vocês estudarem, de quanto aprenderem, porque ninguém toma de vocês o que aprenderem. Saúde e paz para vocês todos!

Esta atividade é parte do Projeto de Educação Política que o Memorial da Casa do Povo de Porto Alegre desenvolve junto às escolas de Porto Alegre e também na Região Metropolitana. Vocês são bem-vindos; nós somos felizes com as suas presenças.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, hoje pela manhã tivemos a oportunidade de participar de uma reunião com o Professor Luiz Fernando Fromil, Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da FEEVALE, juntamente com o Professor Ricardo Jardim, responsável pelo Setor de Ginástica de Sapiranga e o Professor Lauro Aguiar, responsável pelo Setor de Ginástica Laboral do SESI em todo o Estado do Rio Grande do Sul. Fomos a Novo Hamburgo para falar sobre a questão dos estagiários daquela região. A FEEVALE hoje possui acadêmicos em mais de quarenta municípios naquela região do Vale do Rio dos Sinos. E um detalhe importante, que nos fez refletir e querer compartilhar hoje com os Vereadores e com a população de Porto Alegre, é que a FEEVALE resolveu criar um sistema próprio de gerenciamento de seus estagiários. Esse gerenciamento próprio elimina outras instituições que recebem estagiários e repassam às instituições. A FEEVALE está tendo a preocupação de que todo o estagiário, para fazer o estágio, tem de estar sob a supervisão de um profissional especializado na sua profissão. Isso é muito interessante, porque nós sabemos, verificamos e constatamos no dia-a-dia que, muitas vezes, os estagiários são colocados em determinados lugares, mas o profissional específico da sua área de atuação não está presente.

O que é um estágio? O estágio nada mais é do que a oportunidade de um acadêmico vivenciar suas práticas, para, depois, ao tornar-se profissional, ter pleno domínio de sua profissão. Só que nós sabemos que, na realidade, isso não ocorre no dia-a-dia. O que vemos, cada vez mais, é que está-se proliferando o número de oportunidades ao estagiário, mas que, na realidade, é uma exploração da mão-de-obra barata. Eu sempre digo que o estagiário empregado hoje é o profissional desempregado amanhã. Quero dizer com isso que não sou contra o estágio; ele tem uma função importantíssima, uma função pertinente, e o estagiário deve receber pelo seu estágio, quando possível. Mas o que nós vemos, muitas vezes, é que a intermediação sobre a questão do estagiário faz com que as empresas não cuidem, na origem, dessa questão que acho de vital importância: o estagiário, ao fazer a sua prática de estágio, sempre deve estar sob a supervisão de um profissional identificado com sua área de formação. Então, nós queremos parabenizar a FEEVALE e estimular que outras universidades sigam esse exemplo.

O SESI do Rio Grande do Sul, de acordo com o que foi acordado lá hoje, tenho a certeza de que vai ganhar e muito com isso. Hoje, nós fomos buscar lá especificamente profissionais de Educação Física, mas o estágio vai ser ampliado para todas as áreas. A FEEVALE hoje tem trinta e nove cursos superiores, e essa é uma visão moderna, ou seja, a visão de que o estagiário vai estar acompanhado. Com essa visão, o gerenciamento, em vez de ser por outras empresas que hoje gerenciam, fica diretamente com a universidade em parceria com quem o contrata. Então, no caso, é uma parceria SESI/FIERGS com a FEEVALE, fazendo com que o estagiário receba diretamente do SESI, mas sob a supervisão da FEEVALE, como exigência que, em cada um dos locais em que este estagiário estiver atuando, vai estar sob a responsabilidade de um profissional. E é isso que se busca na questão do estágio. Voltarei oportunamente a falar sobre este assunto porque acho que, cada vez mais, precisamos qualificar os futuros profissionais das diversas áreas do nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores, a Ordem do Dia de hoje contém trinta e nove projetos de lei e resolução. Eu solicitaria a V. Ex.as, para facilitar os trabalhos desta Sessão, que as lideranças se reunissem e definissem quais os projetos a serem votados, eis que nós temos bastante tempo para que isso ocorra. Nós ainda temos de percorrer o período das Comunicações, e depois, o período de Pauta.

O Ver. Carlos Pestana está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho a esta tribuna encaminhar para a Comissão de Transporte e Habitação desta Casa uma série de denúncias que foram repassadas ao meu gabinete e, uma vez comprovadas, constituem-se denúncias sérias.

Tomei conhecimento de que algumas cooperativas, para terem acesso aos recursos do Estado, são obrigadas a se registrarem na OCERGS, que é um Sindicato presidido pelo ex-Governador do Estado Vicente Bogo.

No ano passado, foi aprovada uma lei que determina que os recursos públicos, para serem destinados às cooperativas, essas mesmas têm, necessariamente, de estar filiadas à OCERGS. O Governo passado, por sua vez, acabou vetando essa Lei, e a Procuradoria decretou a inconstitucionalidade da Lei.

Eu me recordo aqui os debates que a gente fez nesta Casa quanto à partidarização do Orçamento Participativo. Eu pergunto aos meus colegas Vereadores: se nós, aqui na Prefeitura de Porto Alegre, fôssemos exigir que as associações comunitárias fossem filiadas à algum sindicato para poderem ter acesso aos recursos públicos, certamente isso, nesta Casa, seria motivo de um conjunto de denúncias, um conjunto de acusações frente à Prefeitura, porque estaria assim limitando, constrangendo o movimento popular.

Eis que, no Estado, está sendo cumprida uma lei totalmente inconstitucional, uma vez que a Procuradoria já pediu, através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, que essa Lei, que foi aprovada com a derrubada do Veto do Governador Olívio Dutra, apesar da ação da Procuradoria, continua exigindo das cooperativas que se registrem na OCERGS, e, ao registrar, depositem um valor. Esse valor, não sendo depositado, a pessoa não pode ser registrada e, por conseqüência, não pode ter acesso aos recursos públicos, o que é uma barbaridade!

Mais do que isso: a Junta Comercial não aceita, se não existir o registro na OCERGS, que essa cooperativa venha a se registrar. Isso, do ponto de vista da gestão pública, não tem o menor fundamento legal. Não pode o administrador exigir de uma cooperativa que ela seja filiada a qualquer sindicato para ter acesso aos recursos públicos. Por essa razão - e aproveito aqui o aparte do Ver. Raul Carrion -, quero dizer que estou encaminhando à CUTHAB essa denúncia que eu recebi de uma série de cooperativas, que não estão aceitando essa situação de serem obrigadas a pagar uma taxa a um sindicato para ter acesso a um recurso que deveria ser público, um acesso a um recurso que deveria ser de todos.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Realmente, para mim, é uma surpresa essa informação, eu desconhecia, e coloco a CUTHAB à disposição. Imediatamente, fui consultar a Constituição Federal, art. 5.º dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, inc. 20: (Lê.) “Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.” Portanto, nenhuma lei pode obrigar uma entidade a se associar à OCERGS ou a qualquer outro ente federativo, seja o que for, porque isso é uma opção, e seria uma discriminação do Poder Público. Realmente, nós vamos pedir que o nobre Vereador nos repasse os materiais e vamos tentar agendar com a OCERGS, com o Governo do Estado, com o fórum das cooperativas essa análise. Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Só para concluir, Sr. Presidente João Dib, quero registrar que, se esse fato acontecesse aqui em Porto Alegre, se a Prefeitura condicionasse a distribuição dos recursos públicos a um sindicato, seria motivo, nesta Casa, de CPI. Pois bem, no Estado, apesar de a Procuradoria já ter pedido a inconstitucionalidade dessa Lei, continua-se cobrando as cooperativas para elas poderem ter acesso ao recurso público, que deveria ser permitido sem necessidade nenhuma de filiação a qualquer tipo de sindicato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu gostaria de chamar a atenção dos Srs. Vereadores, a fim de não criarem constrangimento à Mesa, para que controlem o seu tempo e decidam se devem ou não dar apartes. Aqueles que utilizarem o microfone de apartes, façam-no com muita síntese.

O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, quero continuar falando sobre a habitação em Porto Alegre. A gente, que critica tanto, Ver. Carlos Pestana – é uma pena que o Ver. Zé Valdir não esteja neste momento aqui, mas peço que transmita a ele –, também tem elogios, sim. Na nossa Comissão, nós intermediamos o caso da D. Tânia Costa dos Santos, da Restinga, que tem um problema, desde 1998, com despejo, e agora a sensibilidade do DEMHAB vai colocá-la num terreno na Restinga. Portanto, a satisfação da D. Tânia, na nossa Comissão, com este Presidente, Ver. Ervino Besson, Ver.ª Maria Celeste, Ver. Carlos Pestana, Ver. Cláudio Sebenelo, nos deixa satisfeitos com esses problemas resolvidos. Mas o que nos preocupa, na realidade - e temos que falar para que nós possamos resolver esse problema -, é o terreno invadido da Prefeitura. Mas, aí, a Prefeitura obteve a Liminar de Reintegração de Posse rapidamente. Quando é da Prefeitura, é rapidamente. Quando é do Executivo, é rápido; pode ser até do Estado; é rápido, mas, quando é particular, já não é bem assim. Nós tivemos exemplos, há poucos dias, das Cooperativas Manchester e Carris, que nós vamos encaminhar ao Ministério Público todo o debate, todos os contraditórios, as acusações dessas duas cooperativas, mutuamente, para que o Ministério Público possa tirar uma conclusão. Mas o que nos preocupa é que nós fomos visitá-la, e lá está já, Ver. Dr. Goulart, com energia elétrica, com água, e recém na Procuradoria-Geral do Município, para regularizar essa situação. Há um Projeto na Casa, que determina que se coloque água. Então, eu pergunto: mas como é que se vai colocar água, luz, se a coisa não é regularizada? Nós vamos abrir um precedente enorme. Nós vamos provocar invasão, só que, antes, os Governos Estadual e Municipal eram do mesmo Partido. A CEEE, nós sabemos, é do Estado, e o DMAE, do Município. Portanto, ali, com dois Governos do mesmo Partido, a coisa era fácil. Só que agora nós temos um Governo Municipal de um Partido e um Governo Estadual de outro. Um lado se defende que se coloque energia elétrica, Ver. Dr. Goulart, e, de outro lado, se defende que não se coloque água. Então, temos que chegar a um denominador. E aí se cobra do Executivo que o Orçamento Participativo seja ágil, porque eu citei há alguns dias que parece que há uma permissão para invadir, e, depois, tentar legalizar. Ou seja, invade, coloca água e luz, e, depois, vai-se regularizar situações desses loteamentos que não são legais. Cria-se outro problema! Conseqüentemente, quem está mais perto do Orçamento Participativo tem as facilidades, tem as benesses! Então, é isso que nos preocupa.

E nós queremos ver: ”O Orçamento Participativo colocou em tal loteamento. O que não é regularizado, regularizou.” É isso que nós queremos saber! Então, é esse aspecto que é fundamental, não é nós mandarmos invadir e botar água e luz. Mas não é legal; não é regularizado pela Procuradoria-Geral do Município que, agora, está fazendo essa intermediação entre as Cooperativas Manchester e Carris. Então, por esse aspecto é que nós não podemos incentivar a invasão, porque a invasão é um transtorno enorme! Às vezes, até com possibilidade: “Agora, vai para o Orçamento Participativo, que lá vai resolver.” E o Ver. Raul Carrion pode nos dar até mais subsídios sobre isso, porque deve estar enfrentando, também, na CUTHAB, esse tipo de situação.

Ver. Zé Valdir, V. Ex.ª não estava aqui antes, eu o elogiei, assim como elogiei a postura da nossa Comissão, depois o Ver. Carlos Pestana e a Ver.ª Maria Celeste, porque, quando temos que elogiar, nós elogiamos.

Mas a nossa preocupação é essa: não vamos possibilitar invasão para, depois, termos dificuldades, termos que tirar as pessoas e passá-las para outro lugar e irmos empurrando. Então, acho que esta questão o Orçamento Participativo - e V. Ex.ª tem muito mais conhecimento até do que nós; reconhecemos isso - pode agilizar e dizer: “Esta invasão aqui vai ser regularizada; esta não vai, mas vai para o lugar tal”. É isso que nós precisamos saber, porque o problema da habitação em Porto Alegre é muito sério. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de usar esta parte das Comunicações para evidenciar as dificuldades de nossa época. Nós abrimos hoje o jornal Zero Hora, e, cinco páginas inteiras deste jornal são dedicadas, com um luxo fantástico, aos 100 anos de uma das maiores infelicidades deste País, que é a Companhia de Cigarros Souza Cruz. Sei que entro em um terreno extremamente perigoso, e todo mundo fala que a indústria fumageira dá empregos, dá impostos, mas ela é genocida, é mortífera, é uma tragédia para o País. Todo o dinheiro que entra por um lado, sai pelo outro, locupletando as enfermarias de doentes do tabagismo, doenças que são conseqüência do tabagismo. Nós, que falamos em qualidade de vida, abrigamos e anunciamos que haverá, depois de grandes negociações, a inauguração de uma indústria fumageira “manipulada” pelas máquinas na cidade de Cachoeirinha, com produção invulgar. Há um dilema para os governantes que aceitam a instalação dessas indústrias que geram empregos, e, de outro lado, que geram a morte, a doença, o sofrimento e uma péssima qualidade de vida para a pessoa que é viciada em cigarro, que depende quimicamente do cigarro, que usa o cigarro como antidepressivo, que usa afoitamente o cigarro, porque não só depende dele, mas dele depende em grande quantidade. Nós, diariamente, convivemos com os malefícios visíveis, palpáveis, inequivocamente comprovados pela ciência, pela Academia. Nessa luta inglória, difícil contra os malefícios do cigarro, nós vemos estampada nos jornais de hoje essa obra-prima que noticia, em matéria de propaganda, mais uma fábrica de cigarros no município de Cachoeirinha. Essa fábrica não fará a felicidade fiscal da Prefeitura da Cachoeirinha, mas a infelicidade, a dor, o desespero das famílias que se vêem impotentes quando perdem os seus entes queridos na doce e vã ilusão desse veneno universal tão divulgado e tão endeusado como um mito, que tem o seu ritual, e que tem como desgraça essa fábrica que busca não que as pessoas continuem fumando, eles buscam novos clientes nos adolescentes, com técnicas subliminares e que vão fazer o que essas crianças, que serão adultos mais tarde, vão fazer com que essa fábrica tão bonita, tão linda, tão harmônica encha, mais tarde, as enfermarias dos hospitais pela falta de ar, pela amputação de membros, pelas cardiopatias graves, pelo câncer e por doenças não só malignas, dizimadoras, que provocam genocídio mundial. É isso que nós estamos inaugurando, é isso que o poeta Gonzaguinha diria: “Há um lado carente dizendo que sim, e esta vida da gente dizendo que não!”. Não queremos a fábrica de cigarros em Cachoeirinha!

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. José Valdir, a Mesa não lhe deu oportunidade de aparte, porque, um pouco antes, havia alertado os oradores para controlarem seu tempo a fim de não colocar a Mesa em situação desagradável como essa que agora ocorreu.

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, eu quero, antes de entrar no tema que quero discutir neste momento, fazer ainda uma referência à importante intervenção do Ver. Cláudio Sebenelo, dizer também que o Vereador, nesta questão, fez-me lembrar uma decisão política, recente no Brasil, de extrema gravidade, que foi uma decisão tomada pelo Governo Federal quando liberou a propaganda dos cigarros no momento em que negociou a corrida da Fórmula-1 no Estado de São Paulo. Além da gravidade na área da saúde, eu acho que teve outra questão extremamente grave nessa decisão, que foi a quebra da constitucionalidade, porque essa medida foi tomada através de uma Medida Provisória, passando por cima de uma decisão construída no Brasil por meio de Lei. Eu acho que a questão da saúde pública e das medidas governamentais são questões que têm de ser enfrentadas não apenas no nível de responsabilidade legal das instituições, mas em todos os níveis e, fundamentalmente, em todos os níveis do Parlamento.

Eu quero trazer a esta tribuna um pouco de prestação de contas do trabalho que nós, Vereadores membros da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, temos feito nesta Casa. Uma das questões que nos foi trazida pela sociedade - e que nós assumimos como uma questão importante da nossa atuação -, é a luta que a Câmara tem de fazer no que se refere à preservação do patrimônio cultural da Cidade. A nossa Comissão passou por um processo de debates muito interessante, e é uma pena que o nosso Parlamento ainda seja muito centrado em cima das atuações que acontecem no Plenário, e que a própria visibilidade do Parlamento ainda se dê por meio dos discursos de tribuna, porque eu acho que uma parte importante do trabalho parlamentar acontece nas Comissões técnicas. E evidentemente o fato de o Parlamento não ser um órgão de execução faz com que, muitas vezes, a sociedade não tenha a clareza de qual a sua responsabilidade diante da definição das políticas públicas. No caso da nossa Comissão de Educação, Cultura e Esportes, nós vivemos uma discussão importante, que é a seguinte: qual é o papel de um Parlamento municipal na definição de uma política de cultura? Porque o Executivo – e isso é muito claro para a sociedade – faz as ações, ele executa as ações, ele faz os convênios, ele executa as políticas públicas, mas na discussão do Parlamento, qual o papel do Vereador? Como é que a sociedade tem de participar dentro do Parlamento na definição dos projetos de lei na área cultura de um município? Isso se colocou para nós como um desafio, na medida em que nós havíamos assumido a Comissão de Cultura e começamos um trabalho de articulação com os agentes culturais da Cidade, com a presença, inclusive, em algumas reuniões, da representação do próprio Executivo Municipal, para construir essa definição política da atuação da Comissão.

O impressionante é que nós percebemos que a sociedade porto-alegrense tem uma consciência da importância da preservação do seu patrimônio cultural. A prova disso é a organização que hoje se dá em vários bairros da Cidade, quando nós estamos começando a nos preocupar com a questão da revisão do Plano Diretor. Se por um lado isso é uma notícia que nos estimula, penso que, do ponto de vista do cenário brasileiro, internacional, dois fatos gravíssimos aconteceram nessa área: primeiro, nós presenciamos o incêndio em Minas Gerais, em Ouro Preto, que foi algo que chocou, aquelas imagens do incêndio. Mas nada comparado à grande perda que teve a humanidade nesse período de bombardeio do Iraque, quando os próprios soldados americanos incentivavam os saques dos mais importantes museus que resguardavam a história da humanidade.

Então, eu penso que essa discussão é uma discussão que tem de ser permeada pela sociedade, para que a sociedade se aproprie dessa realidade, que é uma realidade que, como não trabalha a questão do cotidiano, muitas vezes, não é discutida no cotidiano das pessoas. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Darci Campani está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores presentes nesta Sessão, eu volto ao tema dos “presentes nesta Sessão”, porque não adianta, Ver. Haroldo de Souza, querermos apresentar Projeto de Lei para diminuir o recesso e não estar em Plenário. Nós estamos aqui, de novo, presentes nesta Sessão para, neste período, comunicarmos que estaremos amanhã representando a Câmara Municipal em um evento. Sabemos que depois teremos um período específico para explanarmos o que aconteceu no evento, mas gostaria de, previamente, como foi votada, ontem, a minha participação, justificar e apresentar os temas que serão debatidos neste evento em que estarei participando, amanhã, em São Paulo, no Instituto Pólis. O Instituto Pólis é um instituto de pesquisa e trabalhos na área social, uma entidade privada que, no Fórum Social Mundial, o qual ocorreu aqui em Porto Alegre, junto com várias instituições como o Greenpeace, lançou aqui em Porto Alegre uma articulação nacional para começar a discutir a política nacional de resíduos sólidos. A Ver.ª Clênia Maranhão, inclusive, no ano passado participou de uma plenária na FIERGS, quando o Deputado Emerson Capaz expôs o seu Projeto de Lei, mas infelizmente o Deputado Emerson Capaz não se reelegeu e o seu Projeto de relatório, do qual nós tínhamos, inclusive, algumas discordâncias, mas estávamos fazendo o debate, não chegou a ser votado na Câmara Federal e, portanto, hoje ele não existe, não chegou a ser consolidado. Estamos em uma nova Legislatura, e neste momento o Governo Federal está discutindo o que fazer, juntamente com o Congresso, em relação a este Projeto de Lei. No Brasil, desde 1988, existem Projetos de Lei sobre resíduos tramitando no nosso Congresso Nacional e nenhum deles foi votado até hoje devido ao sistema de funcionamento muito moroso do nosso Congresso Nacional. Para que se tenha uma idéia, desde 1988, existem Projetos, alguns projetos gerais tramitando no Congresso, alguns projetos específicos, este de 1988 é um Projeto específico sobre a questão da incineração. Um assunto bastante polêmico. Já houve vários outros Projetos sobre o mesmo assunto e nenhum deles até hoje conseguiu ser votado.

O Congresso Nacional, no ano passado, constituiu uma Comissão Especial, na qual o Deputado Emerson Capaz era o Relator, para fazer um projeto que juntasse todos os que estavam tramitando e que pudesse dar um fim a essa morosidade do nosso Congresso Nacional. Infelizmente, a idéia mostrou que, realmente, o nosso Congresso é moroso e não conseguiu, ao final do ano, votar o Projeto de Lei que viria a consolidar no Brasil uma legislação nacional sobre resíduos sólidos.

Quem trabalha na área e mesmo quem não trabalha, quem vive em uma cidade sabe da importância de se ter uma lei nacional sobre resíduos sólidos.

Nós temos o nosso Código, está aqui na Casa para apreciação, uma alteração, inclusive, o Ver. Beto Moesch deu várias contribuições na proposta de alteração. Mas hoje, em nível nacional, uma série de pequenos assuntos que o Município sofre em relação a problemas que não são de competência do Município legislar, ele continua sofrendo, porque não existe a tal lei nacional. São poucos os Municípios que têm a cobrança da taxa de lixo, porque poucos conseguiram achar uma forma jurídica viável. Mas o lixo tem de ser coletado; o lixo tem de ser destinado, tem de ser tratado. Tem de haver essa estrutura, mas sem o devido apoio jurídico não se tem como fazer em todo o Brasil essa cobrança.

O que vamos tratar amanhã na Assembléia de Articulação por uma Política Nacional de Resíduos Sólidos? Nós estaremos lá representando a nossa Câmara, são exatamente quais os passos que podemos dar para que neste ano, quem sabe, nós tenhamos uma lei nacional de resíduos sólidos. E, conversando com o Governo e com o Congresso Nacional, nós teremos, provavelmente, no dia 12 de maio, uma agenda que está para ser confirmada com o Presidente do Congresso Nacional, também para tratar desse assunto. Amanhã, está confirmada a participação do Ministério do Meio Ambiente, e também deverá ter, talvez, representação do Ministério da Cidade. Com isso, nós cremos que poderemos ter um desfecho neste Governo, pelo menos, dessa questão junto na nossa proposta com toda política de saneamento ambiental do nosso Brasil; ter um Projeto de Lei que, realmente, resolva a questão legal, a base legal, a sustentação legal da questão do saneamento no Brasil. Obrigado. Assim que eu tiver retornado, faço o relato dos resultados da reunião.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, que bom que a greve da saúde acabou! Que bom! Mas que ruim que não vai resolver nada ter acabado a greve, porque o problema da saúde na cidade de Porto Alegre, portanto no Estado do Rio Grande do Sul, não é o atendimento dos postos de saúde feito pelos valorosos bons médicos que trabalham, bons dentistas que trabalham; não falo dos funcionários que não trabalham direito, esses nós não defendemos. E que interessante que é o artigo de Josias de Souza, no jornal Folha de São Paulo, Ver. João Antonio Dib, que descobriu que nós temos um DOI-CODI pós-moderno, o SUS – Sistema Único de Saúde – se transformando no Sistema Único de Tortura, de sevícias, de maldade contra a população: o SUT. Sabe como? Desconhece o planejamento da Saúde deste Município, por exemplo, a maioria das pessoas. Porque vamos parar de falar das pessoas que estão gemendo ali nos corredores do Hospital Conceição, que está entupido, do Hospital de Clínicas, que está botando gente para fora! E da PUC também. Vamos parar de falar nisso, que isso nós falamos, falamos, falamos, e não adianta, e não adianta nada. Vamos falar da legião de torturados que está em casa, esperando uma consulta de especialidade. Vamos falar da legião, Ver. Pedro Américo Leal, de pessoas que está esperando uma cirurgia em casa, da legião de pessoas que espera um exame um pouquinho mais complexo que hemograma, que exame de anemia ou de glicose. É essa a população escondida num verdadeiro porão absurdo, escuro, cinza. SUT!

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª tem toda a razão de usar da palavra e fazer estas acusações, porque eu constato que V. Ex.ª, além de ser Vereador, opera sem parar. Várias vezes, na Comissão de Saúde, eu, como Presidente, tinha que vê-lo chegar comendo um sanduíche. E justificava, porque V. Ex.ª é um exaurido, como esse clima está denunciando.

 

O SR. DR. GOULART: É verdade, V. Ex.ª.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: É um depoimento que eu estou fazendo.

 

O SR. DR. GOULART: Muito obrigado pelo seu depoimento. Então, senhores e senhoras, é essa população escondida em casa que a gente não vê na frente dos hospitais, que a gente vê raramente na frente do postinho de saúde, que a gente não vê perto do Sistema de Saúde, porque não está sendo atendida. E essa população é que tem de dizer: “Basta!”. Vocês que estão ouvindo e estão entendendo exatamente as palavras que este médico de ponta do SUS está dizendo é que têm de dizer: “Basta!”. Nós não podemos fazer greve, porque eles nos rebentam! O serviço judiciário, que ganha dez vezes mais do que um médico, acaba com o médico. Dez vezes mais do que um dentista, acaba com o dentista. Não quer que se manifeste o direito sagrado da greve, o direito de dizer: “Nós precisamos de dignidade“. E nós vamos fazer revolução? Nós vamos brigar de espada? Chega de guerra! Chega de revolução! O que é que nós temos que fazer? É votar não! A única vez em que o povo consegue dizer “basta!” para o que está mal é no dia da eleição. É só nesta hora que ele... E erra bastante. Diz e erra bastante, Ver. Haroldo de Souza. Então, é política a minha manifestação, porque é a única guerra que nós sabemos brigar. Povo desta terra, diga basta ao mau planejamento de saúde! Povo desta terra, diga não à incompetência sacramentada na Secretaria Municipal de Saúde! Quantas pessoas estão esperando exame? É a maioria. Vocês sabem do que estou falando. Quantas estão esperando uma cirurgia que não vem nunca? São dezenas. Não, mentira, eu estou mentindo, Ver. Haroldo de Souza: são centenas de pessoas que, famigeradas, vêm pedindo socorro.

Socorro, Ver. João Antonio Dib! Ajude-nos na luta por uma saúde mais digna! Povo, diga não, diga basta. Você sabe o que estou dizendo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. 1262/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 036/03, de autoria do Ver. Elias Vidal, que torna obrigatório o cercamento total do Parque Farroupilha (Praça da Redenção). Com Emenda n.º 01.

 

PROC. 1426/03 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 001/03, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que dá nova redação ao “caput” do art. 51 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (alteração/período de recesso)

 

PROC. 1551/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 044/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que estabelece normas para a colocação de catraca nos ônibus urbanos e dá outras providências.

 

PROC. 1554/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 033/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que concede o Prêmio Gildo de Freitas ao Senhor João Alberto Freire Maciel.

 

PROC. 1595/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 035/03, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o título honorífico de Esportista Exemplar ao Senhor José Íon Lemos de Brito.

 

PROC. 1605/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 037/03, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que concede o Prêmio Francisco José Zaffari de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente à Clínica Esperança de Amparo à Criança.

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. 1226/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 027/03, de autoria do Ver. Paulinho Ruben Berta, que estabelece a obrigatoriedade de divulgação do montante de recursos destinados à propaganda institucional, discriminados por segmento.

 

PROC. 1248/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 023/03, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que institui a Medalha Avenida Cultural Clébio Sória. 

 

PROC. 1256/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 033/03, de autoria do Ver. Elias Vidal, que permite a instalação de estufas hidropônicas em áreas públicas ou particulares.

 

PROC. 1270/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 025/03, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que altera a Resolução n.º 1.178, de 16 de julho de 1992, e dá outras providências, Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (altera denominação da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos)

 

PROC. 1566/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 046/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que cria, no âmbito do Município de Porto Alegre, creches para idosos.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também aqueles que nos assistem pela TVCâmara, eu saúdo a todos.

No ano passado, no dia 9 de dezembro, eu, depois de um grande apelo da população da Zona Sul de Porto Alegre, na Rua Dr. Barcelos, fiz um Pedido de Providências para que a Prefeitura recolhesse o lixo lá naquela comunidade, naquela rua. Em dezembro do ano passado. Estão aqui as fotos comprovando o lixo que se encontra naquela rua Dr. Barcelos. (Mostra fotografias.)

Eu tenho por costume, meu caro Ver. João Carlos Nedel, quando as pessoas da comunidade nos procuram - porque nós somos os representantes legítimos da comunidade - para que resolvamos seus problemas... Eu fiz um pedido e não fui atendido pelo órgão competente, que é o DMLU. No dia 9 de dezembro, eu fiz um Pedido de Providências, e o segundo eu protocolei na segunda-feira, aqui neste Plenário. Estão aqui as fotos comprovando, meus caros colegas Vereadores e Vereadoras, o lixo a céu aberto na Rua Dr. Barcelos. Está aqui. (Mostra fotografias.) Depois de ser procurado por várias pessoas daquela comunidade, principalmente pelo Sr. Volnei Silva, que está liderando, representando aquela comunidade, fiz um Pedido de Providências para que a Prefeitura recolhesse o lixo.

Como já disse, eu tenho por costume, denunciar, aqui, nesta tribuna, porque muitas dessas pessoas que assistem à TVCâmara me cobraram: “Mas, como é que é, Vereador? Nós trazemos o problema aqui, tu falas na tribuna, o lixo continua, e tu nunca sequer falaste na tribuna.” Até me penitencio com esses moradores da Zona Sul de Porto Alegre. Mas vou explicar por que: eu tenho por costume, quando eu recebo uma denúncia, fazer um pedido, aqui, ao órgão competente, apontar a solução. Estão aqui os dois Pedidos de Providências: um do ano passado, ainda, e outro deste ano que protocolei na última segunda-feira, aqui nesta Casa. E, também, nesse Pedido de Providências, sugeri que a Prefeitura colocasse ali um contêiner para resolver o problema daqueles moradores, mas até hoje nada foi feito e o lixo continua ali, a céu aberto, causando uma série de problemas para aqueles moradores. Uma série de problemas. E mais: nós sabemos, nós recebemos aqui, como não só o meu gabinete, também os nobres colegas desta Casa, pessoas, famílias que são autuadas por deixarem o lixo na frente de sua residência no dia em que o caminhão não recolhe o lixo, com o que nós concordamos.

Agora, por outro lado, um lixo a céu aberto, causando sérios problemas de saúde pública na Rua Dr. Barcelos? Por favor! Por favor, meus caros colegas Vereadores do PT! Por favor! Está aqui o segundo Pedido de Providências, e apontei a solução: que a Prefeitura coloque o contêiner. Existem gatos mortos, cachorros que morrem atropelados naquela região, o pessoal coloca tudo no lixo. Os familiares não agüentam mais. Isso é saúde pública, gente! Pelo amor de Deus, por favor! Vamos colocar um contêiner “ontem”, para solucionar o problema daqueles moradores.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado, nobre Vereador.

 

O SR. ERVINO BESSON: Encerro, Sr. Presidente. Mais uma vez, para encerrar, meu caro Presidente, me penitencio para com os moradores da Zona Sul. Fiz o primeiro Pedido de Providências, fiz o segundo e hoje estou aqui denunciando e trazendo um apelo a esta Casa, um apelo ao órgão competente, meu caro Volnei Silva...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado.

 

O SR. ERVINO BESSON: Encerro, Sr. Presidente. Que esse problema seja solucionado o mais breve possível. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, eu gostaria de, antes de me deter especificamente em algum Projeto em tramitação nesta Casa, dizer que nós temos, para discussão preliminar de Pauta, dez Projetos, dos quais seis se referem a homenagens e títulos, e os outros quatro às questões temáticas e conteúdos da Cidade. Eu faço questão de registrar isso, porque eu acho que nós precisamos construir uma visão do todo, para que nós possamos redimensionar os Projetos referentes a homenagens. No início deste ano, preocupada com novas sugestões, fundamentalmente de novos Vereadores que entravam nesta Casa, indicando dias específicos, homenagens e títulos, estavam-nos colocando numa situação, do ponto de vista do próprio Parlamento, muito delicada; porque o tempo que nos é tomado na discussão dessas homenagens e títulos é um tempo, na verdade, superior ao tempo que nós podemos dedicar aos gravíssimos e inúmeros problemas que vive nossa Cidade. Então, preocupada com a utilização do tempo dos nossos Parlamentares, preocupada com a construção de uma proposta mais eficaz, do ponto de vista da formulação legislativa, eu fiz uma correspondência, ainda em 27 de fevereiro, ao Presidente da Casa, o Ver. João Dib, mas não obtive ainda nenhuma resposta por parte da Mesa Diretora desta Casa, onde eu questionava exatamente o expressivo número de premiações e homenagens que a Casa confere e que essa quantidade de prêmios já existentes não permite inclusive a entrega desses prêmios, tendo em vista a falta de espaço físico e de agenda.

Eu reitero, portanto, neste momento, quando nós estamos discutindo uma série de Projetos de títulos, outorgas e certificações, que a Mesa Diretora faça uma avaliação, um levantamento do conjunto dessas leis existentes para que haja uma reavaliação, e que, portanto, após uma modificação da quantidade e da qualidade desses títulos, os títulos que serão entregues por esta Casa terão, efetivamente, um significado de reconhecimento da Cidade. Senão, além do desgaste político e público da nossa instituição, logo mais, a entrega a varrer desses títulos que são criados todos os dias, e só hoje há seis títulos novos, seis certificações novas sendo discutidas, e não vai haver, por parte dos possíveis homenageados, a vontade de recebê-los. Porque a outorga de um título é uma deferência, é um reconhecimento de uma contribuição específica em uma área de atuação de um munícipe.

Acho que essa é uma questão que poderá ser delicada para ser tratada, mas tem de ser tratada com maturidade, e é uma atribuição da Presidência, da Mesa Diretora desta Casa.

Eu, me pergunto, hoje, quantos títulos esta Casa entrega por ano. Ou, mais do que isso: quantos títulos esta Casa tem direito, através das leis sucessivamente criadas? Acho que num momento em que a sociedade cobra uma ação mais eficiente, mais eficaz dos seus parlamentares - e a nossa Câmara tem-se portado dessa forma, de mostrar o seu compromisso, a sua responsabilidade pública -, acho que deveríamos parar com esse conjunto de novas tramitações nesta Casa e fazer uma avaliação integrada, global desse panorama. Porque, muitas vezes, o Vereador trabalha um tema, trabalha uma área, mas ele não tem noção do conjunto dos prêmios que já existem. Portanto, há repetições e há, na verdade, um desgaste político para o conjunto do Parlamento.

Eu quero, ainda, me referir ao penúltimo Projeto da nossa listagem, que está em 3.ª Sessão de Pauta, que é um Projeto do Ver. Pedro Américo Leal, que propõe a modificação do nome da Comissão de Direitos Humanos, acrescentando a questão da Segurança Pública. É uma discussão importantíssima, por princípio, eu apoiaria este Projeto; porém, estou encaminhando, nesta Casa, um Projeto, acho que não é Substitutivo, mas trata do mesmo tema, que é a proposta de desmembramento da Comissão de Direitos Humanos e do Consumidor, e acho que poderíamos colocar na Comissão de Direitos Humanos, Comissão de Direitos Humanos e Segurança, que eu acho que é uma preocupação legítima. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ver.ª Maria Celeste, na presidência dos trabalhos desta Sessão, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, no Dia do Contabilista, que hoje festejamos, quero homenagear os Contadores e os Técnicos em Contabilidade pelo seu dia. Justamente neste dia em que entra em 1.ª Sessão de Pauta o Projeto de autoria do Ver. Elias Vidal que torna obrigatório o cercamento do Parque Farroupilha - do Parque da Redenção. É um Projeto polêmico que irá gerar muitas discussões nesta Casa e sobre o qual a Bancada do Partido Progressista ainda não tem definição, estamos estudando. Há inúmeras vantagens, algumas desvantagens.

E agora vejo que o Ver. Haroldo de Souza presta a atenção na minha intervenção, eu me recordo, Vereador, que V. Ex.ª também incluiu uma Emenda a este Projeto, incluindo, também, a obrigatoriedade do cercamento do Parque Moinhos de Vento. Então são dois parques que deverão, ou não, ser cercados em Porto Alegre. O assunto é muito importante. Em várias cidades do mundo existem parques cercados para efeitos de segurança, para efeitos de proteção ao meio ambiente, mas, também, há outras dificuldades que estamos analisando. É um Projeto meritório, merecendo uma análise profunda das Sr.as e Srs. Vereadores.

Também em Pauta temos um outro Projeto, de autoria do Ver. Elias Vidal, que prevê uma aceleração na produção de alimentos, em Porto Alegre, como verduras e hortaliças. Em sua Exposição de Motivos o autor argumenta que a permissão de instalação de estufas hidropônicas em próprios municipais e particulares vai beneficiar a produção de alimentos. É um Projeto muito importante, que deverá ser estudado por esta Casa, mas eu me recordo – já que estamos em produção de alimentos, já que estamos estudando a implantação, em nível nacional do projeto Fome Zero – e eu fico muito satisfeito, Ver. Pedro Américo Leal, em ver um Projeto concreto, que realmente reduz a fome em Porto Alegre.

Fui à inauguração, na semana passada, do Restaurante Comunitário, da Vonpar, fábrica de Coca-Cola - onde prestei imensos serviços durante quatro anos. Era um sonho do empresário João Jacob Vontobel, que agora ele realiza.

Ele gastou aproximadamente 100 mil reais para instalar o Restaurante Comunitário, cobra 1 real, e a Empresa paga a diferença, porque o custo é superior a 1 real.

Eu estive representando a Câmara lá e vi a elevada qualidade da comida e o atendimento. Hoje já estão atendendo trezentas pessoas e irão atender, na próxima semana, seiscentas pessoas.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª está abordando um problema que me intriga, porque, até agora, não sei até onde vai esse Fome Zero. Acredito até que tenham boas intenções nisso, mas uma solução seria a multiplicação de restaurantes como esses, pelos empresários. Eu acho que o Presidente Lula está perdido, e V. Ex.ª está abordando uma solução que...

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Mas o Governador Rigotto tem, em seu Plano de Governo, a implantação de pelo menos trinta novos restaurantes comunitários no Rio Grande do Sul, e o próximo será em Passo Fundo. Muito obrigado, Ver. João Antonio Dib.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu gostaria que os apartes fossem efetuados dentro do tempo para que a Mesa não fique constrangida.

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar tenho que fazer um registro sobre o restaurante popular, sua implantação. Tem diversos implantados no País, aqui mesmo. Não é a “invenção da roda” de fulano, de sicrano; é uma história longa, que vem-se constituindo, e tem um conjunto de ações com relação a isso. É importante registrar isso aqui.

A outra questão que eu gostaria também de colocar aqui é que o Ver. Pedro Américo Leal meio que se insinuou no debate dessa questão no sentido de que o Projeto “Fome Zero” e a ação voltada para a área social estão meio sem rumo, meio perdidos. Não! Eu discordo, Vereador, eu nunca vi o País de forma tão integrada e sabendo o que quer fazer com relação a essa questão.

Por muitos e muitos anos, governos passaram dois, três, quatro anos só fazendo mídia e não fizeram nada concretamente, e em quatro meses nós já vemos um conjunto de ações positivas em relação a isso.

 

O Sr. Haroldo de Souza: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Dou-lhe um aparte depois, Ver. Haroldo de Souza. A minha fala está direcionada para algumas propostas que estão aqui listadas. A primeira questão, que é polêmica, Ver. Pedro Américo Leal, é a questão do debate sobre o recesso da Câmara de Vereadores, Ver. Zé Valdir, do recesso no período do mês de julho e do recesso no final do ano. Eu tenho a posição de que, se tivermos que acabar com todo o recesso, eu sou a favor. Não tem essa, a Câmara tem que funcionar sempre, fazer o debate sempre, a representação permanente desta Casa, que é o que, me parece, acontece. Mas se faz um debate falso - e eu sei que não é a intenção do Vereador que propõe - de que pare-se em 15 de dezembro os trabalhos e retornem só em 15 de fevereiro, e de que a Casa não funciona nesse período todo. E isso não é verdade! Todo mundo sabe, aqui, quem é Parlamentar, Ver. Pedro Américo Leal, que é comprometido, que está trabalhando na sua base social, que está pensando nos problemas da Cidade, qualquer um dos Vereadores que está aqui sabe que, se afastarem-se por mais de 30 dias do trabalho cotidiano da Cidade, acabam tendo muita dificuldade de reconstruir o seu trabalho com a sua base social. Eu mesmo, já no segundo mandato de Vereador, não tirei, nesse período todo, em todos esses anos, mais de 20 dias de férias. Nunca! Porque tem que estar presente, tem que estar respondendo a um conjunto de demandas das comunidades. Então, é falso o debate de “um tamanho recesso, em que a Câmara não funciona, em que as coisas não acontecem”. Pelo contrário: a experiência que tenho neste Legislativo é que, no mês de julho e lá no final do ano, dezembro, janeiro e fevereiro tem muito trabalho nesta Casa, sim. Tem muito Vereador que pega sempre, está sempre pegando aqui. Portanto, esse debate, ele tem que ser melhor direcionado.

Eu também queria, Ver. Elias Vidal, fazer aqui um registro de que a sua propositura de fechamento de um Parque - o que já se amplia, porque já tem uma Emenda aqui pedindo para cercar outro parque - vai abrir, deve abrir - eu estou propondo, vou sugerir ao Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa que faça um debate sobre isso - um leque para a discussão do cercamento dos espaços públicos da Cidade. O cercamento dos espaços públicos é um passo para a privatização, para a coibição, para a dificuldade de acessibilidade do cidadão desta Cidade ao espaço público.

 

O Sr. Haroldo de Souza: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Primeiro, eu não sabia que restaurante se chamava “roda”, mas tudo bem. Quem inventou o restaurante popular no Brasil foi o PT, por intermédio do Ananias, em Belo Horizonte, concorda?

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Foi um dos primeiros restaurantes. No Rio de Janeiro houve uma experiência anterior a isso.

 

O Sr. Haroldo de Souza: No Rio de Janeiro, o Garotinho copiou do PT de Belo Horizonte. Por que vocês... Eu só queria uma resposta: por que o meu Projeto de 2001 não foi executado pelo Partido dos Trabalhadores em Porto Alegre?

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: O seu Projeto...

 

O Sr. Haroldo de Souza: E outra coisa...

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Ver. Haroldo de Souza, já lhe dei o aparte.

 

O Sr. Haroldo de Souza: Deu-me o aparte? Então está tudo bem, obrigado.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: O seu Projeto, como os de outros Vereadores, nesta Câmara e em outras Câmaras, foi debatido e encaminhado. Agora, a ação executiva sobre restaurante popular é muito anterior a qualquer proposta legislativa. Eu conheço essa matéria desde o ano de 1995, antes de qualquer proposição nesta Casa, de ações concretas em vários municípios. Por isso eu disse para não fazermos o discurso de que estamos “inventando a roda”. Sobre restaurante popular ninguém está “inventando a roda”, governo nenhum está “inventando a roda”. Essa iniciativa é de longa data, de vários governos no País. Aqui mesmo em Porto Alegre, temos ações nesse sentido, o restaurante popular, que está sendo feito. Que bom que o atual Governo Estadual também está se somando a esse trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, um dos objetivos de entrar com este Projeto de Lei sobre o cercamento da Redenção é que ele está servindo, pelo menos, para trazer esta discussão para esta Casa. Eu não estava na época, quando o Ver. Nereu D’Avila, em 1996... Já houve uma tentativa de cercamento da Redenção devido ao fato de uma parcela da sociedade... Era um outro tempo, o consumo de drogas era menor. Nós sabemos que, nos últimos dez anos, a cocaína...

 

O Sr. Wilton Araújo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Se bem me recordo, a primeira tentativa de cercamento da Redenção deu-se antes ainda, e a polêmica criou-se a partir de um Projeto do Ver. Paulo Sant’Ana; ela é anterior ainda. Veja bem que é uma coisa que é antiga, e, realmente, a discussão que V. Ex.ª traz à Casa tem motivo de ser. Acho que sempre é bom se discutir e se colocar para a população a vontade da Casa nesse sentido.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Isso quer dizer que já faz um bom número de anos que essa discussão entrou na Pauta, não retornou mais e o Parque acabou não sendo cercado. Nesse meio tempo, os parques do Brasil foram cercados. Nos últimos anos, nesta última década, os principais parques do Brasil foram cercados. Estamos fazendo contato com lideranças de outros Estados e, realmente, as principais áreas, como parques, estão cercados. Agora, de lá para cá, acho que “a fruta amadureceu”. A idéia, o pensamento, a situação, agora, estão em outro contexto: o consumo de cocaína, a violência, a maconha, a prostituição aumentaram, e cada vez mais. Então, acredito que são outros tempos e carecemos, nesta discussão, de amadurecer a idéia, e é interesse que este Vereador, como Vereador, trabalhe pelos munícipes de Porto Alegre, pelo cidadão, pela segurança, pela qualidade de vida.

Em um parque com o tamanho do Parque da Redenção - Parque Farroupilha -, referência em nosso Estado, uma área pública com 44 hectares, como já falamos outro dia, com tudo o que está acontecendo no Parque da Redenção, acho que ser complacente com essa situação é dizer “sim” à violência, ao roubo, à destruição da nossa história, à prostituição, também a infantil.

A Emenda que consta aqui, de n.º 01, na verdade é minha, e coloquei nela que não pode ser cobrado algum tipo de valor para entrar no interior do Parque, porque muitas pessoas...

 

O Sr. Haroldo de Souza: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É bem rapidinho, apenas para dar uma resposta ao Ver. Renato Guimarães. É o seguinte: Paris, Londres, Tóquio, Amsterdã, as grandes cidades do mundo têm seus parques cercados, para não dizer as principais capitais. Isso não quer dizer. Cercar um patrimônio público é preservar o patrimônio público.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Ver. Haroldo de Souza, a Biblioteca Pública é pública e tem portas. Chega uma hora da noite que ela fecha. O cidadão tem direito de usá-la, e ela não fica aberta 24 horas. Por que é que o Parque pode ficar desguarnecido 24 horas, especialmente à noite? Quem repõe os estragos no Parque da Redenção? Os próprios munícipes, o próprio cidadão.

Falei outro dia que durou apenas 30 dias toda a iluminação do Expedicionário, em frente ao Colégio Militar, e custou 36 mil reais. O jornal Zero Hora e outros órgãos de imprensa informaram que as despesas por saques dos monumentos, pelo bronze retirado era de aproximadamente 100 mil reais. O Administrador do Parque Farroupilha disse que esse valor está próximo a 200 mil reais, que poderiam ser usados em outras áreas, como educação, trabalho contra drogas e prostituição. No entanto, está sendo usado para repor algo que não precisava ser reposto. Bastava ter uma cerca com portaria, com uma guarda municipal, como a Biblioteca Pública, que é pública e tem porta e fecha à noite. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, eu quero hoje discutir o Projeto do cercamento do Parque na questão legal. O Parecer da Procuradoria desta Casa dá conta que, inclusive, já teve um Projeto nesta Casa que foi arquivado sem apreciação no Plenário. E por quê? Porque diz o Parecer da Procuradoria que esse Projeto, embora seja matéria de competência do Município, não é de competência do Legislativo, porque dentro das competências do Município, algumas coisas são de competência do Executivo e outras do Legislativo, como é óbvio.

A nossa Lei Orgânica, no art. 94, é bem clara no inciso XII, citado pela Procuradoria: “É competência privativa do Prefeito administrar os bens e rendas municipais.” Tem uma contestação do Vereador ao Parecer da Procuradoria, dizendo que o seu Projeto visa a orientar o Executivo.

Com todo o respeito, não existe esta função do Legislativo, a de orientar o Executivo. O Legislativo tem dois papéis, duas funções: legislar e fiscalizar o Executivo; não existe essa função, só se estivermos querendo inventar uma outra coisa semelhante aos tais projetos autorizativos. Inventar uma outra função, que o Legislativo teria a função de orientar o Executivo, isso não existe, isso é levar a criatividade parlamentar ao excesso, ao último grau. Não existe isso, portanto, este Projeto aqui tem claramente o vício de iniciativa, como já apontou a Procuradoria e como, aliás, já ficou caracterizado no Projeto anterior, que era idêntico a esse e que foi arquivado por esse motivo, sem vir a Plenário.

Mas eu quero ir também na questão do mérito do Projeto. Eu não aceito esse argumento de dizer que nos países de Primeiro Mundo é assim. Tem dois problemas nesta argumentação: em primeiro lugar, se seleciona aquilo que se quer ver. Eu poderia citar vários parques pelos países de Primeiro Mundo que não são cercados. Aí a pessoa vai lá e pega alguns que são cercados, vem aqui e lança como argumento.

Mas tem outro problema que é o problema ideológico que está por trás: por que o Primeiro Mundo tem de ser padrão para nós? Eu estou cansado de ver reportagens e inclusive de ter presenciado isso quando estive num país de Primeiro Mundo, coisas fantásticas: a terceira idade, os idosos sentados na praça, porque foram abandonados pela insensibilidade, pelo individualismo ao qual se jogou a civilização tecnológica do Primeiro Mundo. Nós vamos importar isso também como critério para nós? Não serve! Então, vamos perder essa mania de colonizados que nós temos de querer refletir sobre a realidade nacional, querer buscar solução para o nosso modelo copiando o que tem no Primeiro Mundo. Não serve, não é por aí!

A segunda questão que quero colocar é que eu também não aceito esse argumento de comparar parque com biblioteca. Parque tem árvores. Qual é a relação que tem com bibliotecas, que tem livros? Talvez porque o livro é feito da celulose que vem da árvore. Afora isso, não vejo nenhuma relação. Comparar parque com biblioteca... Pelo amor de Deus! Esse argumento aqui é um argumento que não cabe, não encaixa, não dá para aceitar esse argumento.

Outra questão é a seguinte: se isso é válido como solução do problema da violência que existe e do problema da depredação. Aqui tem fotos desse louco Toniolo. Agora, se vamos fechar tudo que é espaço que o Toniolo pichou ou em que alguém escreve: “Fulano de tal ama Fulana” - que foi uma coisa que um empresário apaixonado inventou colocando um outdoor, mas como as classes populares não têm como pagar um outdoor, fazem pichação, pois isso agora virou moda -, se nós vamos perseguir esse modismo e fechar tudo que é lugar que tem pichação, onde é que vamos parar? Se achamos que vamos combater a violência desse jeito, então nós vamos ter de cercar, por exemplo, o Parque Chico Mendes, e todos os espaços públicos da Cidade. É isso? Então vamos discutir, porque senão cada Vereador vem aqui e propõe cercar o parque da sua predileção. Esse tipo de solução, entre aspas, por problema da violência, para mim não soluciona nada. Ele apenas, de uma forma não muito bem refletida – eu conhecendo o Vereador não vou chamá-lo de irresponsável, pois ele é muito responsável, e entendo o seu objetivo, mas talvez falte pensar um pouco melhor essa questão –, se essa é uma solução para o problema, nós vamos investir o dinheiro público nesse tipo de solução para tudo quanto é monumento, equipamento público, parque e assim por diante, e aí nós vamos longe nessa discussão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrado o período de discussão de Pauta.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu ouvi neste Plenário, hoje, se não me engano do querido Ver. Cassiá Carpes, sobre a questão envolvendo a CEEE, loteamentos irregulares e envolvendo também o DMAE. Quero dizer que nós temos uma posição muito firme nessa direção, Ver. Cassiá Carpes. Nós achamos que o Poder Público tem a obrigação de colocar os serviços essenciais, mesmo que o loteamento seja irregular, porque se não fosse assim, 30% ou 40% das pessoas da periferia não teriam água na Cidade, hoje, porque são loteamentos irregulares, e não teriam energia elétrica.

Aliás, eu quero dizer, Ver. Cassiá Carpes, que nós estamos tendo uma interlocução forte com a Companhia Estadual de Energia Elétrica, já fizemos uma terceira ou quarta reunião, para que ela crie um balcão de negociação para centenas de pessoas que, hoje, têm ligações clandestinas nesta Cidade, neste Estado. Muitas pessoas não pagam luz e água não porque não queiram, é porque não têm dinheiro. É uma burrice dessas companhias, que têm uma dívida para trás, às vezes, de 300 reais, 400 reais, que não é daquele cidadão que está morando naquele momento naquele local, mas, para ele ligar a luz, ele tem de pagar a conta do outro. Portanto, ele não paga a conta do outro e não vai pagar a conta dali para a frente, porque ele vai fazer uma ligação clandestina.

Eu diria, Ver. Renato Guimarães, que é uma burrice do DMAE e é uma burrice da CEEE não negociar a dívida para trás, concedendo um parcelamento generoso e fazendo com que o cidadão possa pagar dali em diante. Ou seja, ele começa a pagar a partir de hoje, porque, se não negociar o passado, ele nunca vai pagar, e, portanto, a Companhia terá um prejuízo, e o cidadão terá um serviço de péssima qualidade. Ele leva anos, Ver. Haroldo de Souza, para comprar uma geladeira, para comprar um freezer, e, se ele não tem uma energia elétrica razoável, os aparelhos queimarão em seguida. Isso não está correto.

Os Governos - eu digo o Governo do PT, o meu Governo, do PMDB, o Governo do PFL -, quando chegam ao poder tem o discurso da inclusão social, mas a prática “burrocrática” é fantástica! Tanto o Governo que passou cortava a luz das pessoas, como o meu Governo está cortando. Isso nós não achamos que está correto, achamos que o cidadão tem de pagar. Eu não sou favorável a que as pessoas não paguem a luz, que não paguem a água, tem de pagar pelo serviço, Ver. Pedro Américo Leal. Há pessoas, nesta Cidade, que não pagam porque não podem.

Então, temos de encontrar uma maneira de negociar a dívida do passado. Se for em 90 vezes, se for em 40 vezes... Se a pessoa pode pagar 10 reais, vai pagar 10 reais, mas vai pagar a partir daqui; vai pagar os 10 reais do atraso e os 20 reais da conta do mês. Nós estamos numa negociação com a CEEE e estamos levando isso, também, para a CORSAN, para que se criem os balcões de negociações itinerantes, Ver. Wilton Araújo, ou seja, o cidadão não tem de sair lá do Bairro Ponta Grossa para vir até a CEEE; o balcão de negociação é que tem de sair da Av. Ipiranga, através de um trailer, através de um ônibus, com os seus computadores, com os seus funcionários, com os seus estagiários e dizer: “Olha, estamos aqui, hoje - como é feita a venda de fichas de ônibus -, nós queremos regularizar a luz neste bairro. Portanto, o cidadão que tem um problema de luz venha aqui, hoje, das 9h da manhã até as 5h da tarde, que a Companhia vai trabalhar nessa direção.”

De outra banda, o meu tempo vai-se esvaindo, mas eu quero trazer, Ver. Zé Valdir, ao conhecimento desta Casa que a ANATEL, quando houve as privatizações, Ver. Juarez Pinheiro, a regulamentação geral estabelece que é de caráter obrigatório a entrega do guia telefônico ao assinante. E, hoje, a CRT não está fazendo isso. E nós, Ver. Cassiá Carpes, não só vamos representar os cidadãos na Comissão de Defesa do Consumidor, como vamos levar ao PRODECON, porque liguei para a Companhia e esta me disse: “Não, isso nós combinamos com a ANATEL.” Então, é acordo dos grandes contra o povo? Porque lá está dizendo, no art. 23, que é obrigatório, e eles publicaram em todos os jornais que quem quiser o guia tem que ligar para o 102! E isso está errado, Ver. Zé Valdir! Está errado. Se é obrigatório, tem de mandar para o cidadão!

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Zé Valdir.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Mas está fazendo, e a população está sendo enganada! Se custava 64 centavos uma ligação de telefone, uma transferência, hoje, custa 64 reais, depois que privatizou! Melhor do que a Companhia Telefônica é só uma segunda Companhia de Telefone! Essa gente ganha dinheiro como água! E, portanto, nós vamos representar nos órgãos de defesa do consumidor a defesa do cidadão e da cidadania. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, o Presidente da República fez uma manifestação, no início da semana, que empolgou a mídia nacional e até internacional, quando S. Ex.ª, o Sr. Presidente, faz uma declaração extremamente infeliz, inadequada e injusta, na medida em que faz um ataque a um dos poderes constituídos, o Poder Judiciário, que, pela sua própria natureza, é o Poder mais controlado, por assim dizer; é o Poder mais fiscalizado. Se examinarmos a substância do Judiciário, a que ele se propõe? Ele tem como grande função julgar, como a função legislativa é de legislar, e a executiva é de administrar. O Judiciário tem, nesse processo, como regra, duas partes: de um lado, o Ministério Público, e, de outro, o advogado. O Ministério Público nem sempre atua em todos os processos, mas em grande parte deles, juntamente com o Juiz e o advogado da parte, do interesse que está sendo objeto do litígio e da decisão. Pois o Sr. Presidente da República, lamentavelmente, confirmou o seu gesto infeliz. Até pensei que se tratasse de uma declaração solta, como se, no entusiasmo de uma “pelada” numa quadra de futebol, trombando aqui e ali, tivesse feito essa declaração. Mas não! Aí é que está a gravidade da coisa. O Presidente confirma o seu juízo de valor sobre um dos Poderes do Estado, o Judiciário, que tem, pela sua natureza, um dos maiores controles, por intermédio do advogado, que está ali atuando no interesse da parte, e do Ministério Público, fiscal da lei, órgão da acusação, sujeito da denúncia.

Então, lamentável a declaração do Presidente da República, e não pode passar em alvi aqui na Câmara, Ver. Pedro Américo Leal, pois não se trata de uma manifestação do Lula, mas do Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, que faz uma declaração lamentável sob todos os aspectos, além de injusta. E fala em “caixa-preta.” Nós sabemos a significação de “caixa-preta”. Isso é um agravo, porque a sociedade precisa do Judiciário. O Juiz, e todos mais ou menos conhecemos, não tem privilégios; tem prerrogativas, que não são propriamente dele, interessam diretamente à sociedade e à população.

Por isso, nós queremos registrar, consignar para os Anais da Casa a nossa contrariedade absoluta às declarações infelizes e injustas do Presidente da República quando ataca, de forma inexplicável, o Poder Judiciário.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que traz à tribuna o PPS é a constatação de um problema local, problema do dia-a-dia, corriqueiro, mas que está trazendo inúmeros transtornos à população de Porto Alegre. Diga-se de passagem, problema esse que, de tempos em tempos, está aí a nos prejudicar a orientação dentro da Cidade. Estou a falar de algo muito singelo, que é a sinalização da cidade de Porto Alegre, como as placas denominativas dos logradouros, como as placas denominativas dos bairros, como as placas que indicam as direções, as rotas, enfim, a Cidade está, por assim dizer, sem sinalização nos locais onde tradicionalmente há sinalização. Quais são esses locais? Onde a Cidade tem estrutura. Quais são esses locais? São os locais onde há muito mais dinheiro, são os bairros mais ricos, porque, nesses bairros, existe toda a infra-estrutura urbana funcionando perfeitamente; é onde tem o hospital, é onde tem o melhor ônibus, onde tem, enfim, tudo, o melhor transporte, o melhor lotação, e é exatamente aí que não há também a sinalização. Se não tem a sinalização, e nós fizemos pesquisas, conversamos com a ECT - Empresa de Correios e Telégrafos -, que é a empresa que, através dos seus funcionários, encontra a maior dificuldade de localização das ruas nos bairros da Cidade. Se não encontra as ruas nos bairros mais aquinhoados, então é um desastre onde a população não tem dinheiro. Onde não existe recurso, placa de sinalização é coisa que não se vê, Ver. Elias Vidal, Ver. Haroldo de Souza. Esta Cidade, pela pesquisa que fiz, há 5 anos, no mínimo, não coloca uma placa de denominação de rua, à exceção, é claro, daquelas onde os Srs. Vereadores dão a denominação e têm alguma empresa, ou amigo, que financia a placa. Mas a reposição, colocação e denominação em ruas e avenidas da Cidade, que são, muitas vezes, depredadas, desaparecem, ou, pelo tempo, some a placa, isso não é feito há 5 anos. Há uma barafunda; a Cidade está completamente perdida. Na pesquisa que fiz, Ver. João Carlos Nedel, consta que a Cidade está, no mínimo, há 5 anos sem nenhuma placa, nenhuma reposição. Vejam, então, a Cidade, que cresce de forma acelerada em muitas regiões, tipo Leste, Sul da Cidade, está sem orientação nenhuma. Ora, levanto este tema, porque é um tema importante para a Cidade e porque tenho autoridade para falar sobre ele, porque fui Secretário de Obras durante um período de administração. E lá, sem gastar um tostão do bolso do contribuinte, conseguimos colocar, em um curto período de tempo, onze mil placas. O que estão a fazer a Prefeitura de Porto Alegre e a Secretaria de Municipal de Obras, que, em um período de 5 anos, não conseguem colocar nenhuma placa? Tenho a informação de que a Secretaria de Obras teria passado essa tarefa para a EPTC, que também não conseguiu fazer e devolveu à Secretaria de Obras. Ora, estamos andando em círculos, como cachorro atrás do rabo, a burocracia está consumindo o dinheiro necessário para colocação das placas nesse vai e vem.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para concluir, esta preocupação que trazemos aqui hoje voltará à tribuna, porque nós temos que trazer nesta Casa palavra do Executivo Municipal: por que não coloca as placas? Se não tem condições ou por que não faz parcerias com a comunidade, como foi feito há algum tempo, na minha época? Tem de haver uma resposta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, demais Vereadores e Vereadoras, pessoas que nos assistem aqui e em suas casas, hoje, eu queria tratar de um tema muito grave que temos, inclusive, Ver. Wilton Araújo, enfrentado diariamente na CUTHAB, que é a questão da habitação para a população de baixa renda.

O problema é de tal gravidade, Ver. Darci Campani, que hoje se calcula em torno de quinze milhões o déficit qualitativo e quantitativo, que é o absoluto e o que se faz o qualitativo, das moradias de má qualidade. No Estado são em torno de quinhentos mil e em Porto Alegre são em torno de oitenta mil. Expressão disso foi na semana passada, terça-feira ou quarta-feira, quando enfrentamos três despejos praticamente simultâneos: o da Vila Figueira, na Grande Cruzeiro, noventa e três famílias que trouxeram o problema na tarde de segunda-feira; na terça-feira, pela manhã, estava sendo executado o despejo. Nós estivemos lá às 7h30min, procuramos agilizar por intermédio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança, do Conselho Tutelar. Conseguimos colocar dez famílias na Associação. Ligação de água do DMAE, prontamente, pois não havia água no local. Era uma situação impossível de resolver, porque fomos solicitados a 12 horas do despejo. Estávamos com o despejo do Montepio, já com o Mandado de Segurança na rua, estávamos com o despejo da Atílio Supertti e tivemos de, às vésperas da Páscoa, trabalhar na solução.

Felizmente, nesses dois, Ver. Wilton Araújo e Ver.ª Maristela Maffei - que têm sido parceiros nesta batalha -, conseguimos a prorrogação até o dia 30 de abril, quarta-feira que vem, véspera do 1.º de maio, e, por isso, realizaremos, na terça-feira, dia 29 de abril, uma reunião na CUTHAB, para, então com a presença do DEMHAB e da SEHAB, ver se assinamos o protocolo da área alternativa. Ainda no dia de ontem o Secretário Substituto da SEHAB garantiu que a área já está definida, que eles só precisam de um acerto com a Fundação que é detentora dessa área. Por isso, nós queríamos saudar aqui, trazer para a população de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, do Brasil, a notícia benfazeja que o Governo Lula vai liberar 5,3 bilhões de reais, Ver. Darci Campani, uma cifra ainda pequena para a dimensão do problema, mas que possibilitará a construção de cerca de trezentas mil, eu tenho o número exato aqui, em torno de trezentas mil moradias para famílias até 5 salários mínimos. E eu chamo a atenção, nesse déficit de quinze milhões, 93% são até 3 salários mínimos, ou seja, não há solução no mercado. Se os Governos não entrarem nessa batalha com as habitações subsidiadas, não haverá solução.

Então, por isso, é saudável, é excelente essa notícia, que nos ilumina o horizonte, da possibilidade de enfrentar o problema. Temos aqui, também, em Porto Alegre, o Projeto Entrada da Cidade, três mil e poucas moradias, são poucas diante do déficit, mas é algo importante que nos faz ficar satisfeitos. E também o Ministro Olívio Dutra anunciou um grande plano de regularização fundiária, temos agora o instrumento do Estatuto da Cidade e o apoio ao cooperativismo habitacional.

Então, quero dizer que nós estamos no sufoco, tratando do emergencial, mas parece que algo surge no horizonte abrindo algumas possibilidades.

Por fim, queria dizer que a CUTHAB, além de atender o emergencial, tem uma programação extremamente importante quando realizará, no dia 20 de maio, e convidamos todos os Vereadores e a população, um debate sobre o Projeto do urbanizador social, que é um Projeto importante para evitar a continuidade da irregularidade, ele vai viabilizar, para os pequenos empreendedores, a construção de loteamentos populares; dia 10 de junho, o seminário sobre mobiliário urbano e, dia 24 de junho, o seminário sobre cooperativismo habitacional.

Com isso, queremos contribuir com esta Casa para enfrentar esse grave problema, não só na emergenciabilidade, mas também no chamado tratamento preventivo e em um planejamento estratégico. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não acredito que um projeto como o Fome Zero possa sozinho resolver um problema tão grave como o problema da fome neste País. Eu acho que, se os Partidos ou se os homens insistirem nessa vaidade de quererem ser os autores de um projeto que dê origem a essa guerra, que tem de ser realizada para extirpar de vez a fome, se esta vaidade persistir, morreremos no meio do caminho. Acredito que não só o projeto Fome Zero, mas todas as ações que vierem no sentido de combater a fome devem ser bem acolhidas por parte de quem realmente tem esta missão, que é o Presidente da República. Mas, além do Presidente da República, os Governadores e os Prefeitos também têm de estar imbuídos do mesmo espírito. Eu acredito que o primeiro combate deve ser com relação à política relacionada às nossas crianças, aos nossos jovens, aos nossos adolescentes. Eu ouvi do Prefeito Tarso Genro, quando ele era Prefeito desta Cidade, na segunda vez em que foi Prefeito, quando ele veio tomar posse e fez um discurso aqui neste Plenário, que a prioridade era retirar todos os jovens que passavam fome, que tinham problemas, das ruas de nossa Cidade, para colocá-los dentro de projetos específicos, projetos especiais. O tempo passou e o que nós vemos é que, saindo pelas ruas da Cidade, nós vamos encontrar, em cada esquina das regiões centrais desta Cidade, as crianças que passam fome e que exercem a mendicância na mesma situação de antes. O Prefeito Tarso Genro não fez absolutamente nada para que as crianças fossem retiradas das ruas e fossem colocadas dentro de um projeto especial, como foi prometido aqui e como foi o seu discurso de campanha. Ora, esses jovens passam fome hoje, e se não for feito nada, por meio de um projeto especial, não bastará dar comida, tem de dar realmente é uma orientação, um futuro para esses jovens ou eles passarão fome hoje, amanhã e depois.

Ora, Darci Campani, meu amigo Vereador do PT, eu vou às escolas nas quais vejo um discurso que não está, na verdade, coerente com a prática. Eu vejo o discurso da Secretária, que foi Vereadora aqui neste Plenário, que diz que com o projeto dos ciclos tudo está resolvido, porque agora as crianças são outras, os jovens são outros. Mas quando eu vou às escolas e converso com esses mesmos jovens, vejo lá pessoas que não estão aprendendo, absolutamente, nada. E sabem o que vai acontecer com esses jovens? Eles vão engrossar uma legião de pessoas frustradas, porque eles não vão ter condições de competir absolutamente com ninguém; eles não estão sendo preparados para nada, e aí esses jovens não vão ter condições de se auto-sustentar, e como não podem se auto-sustentar e não podem contribuir para nada em termos de progresso neste País, o que vai acontecer é que esses jovens também vão necessitar de que o Presidente Lula aumente o número de alimentos recolhidos para poder fazer frente à fome que vai ser cada vez maior. Então, Ver. Wilton Araújo, ou nós vamos começar a melhorar a educação neste Município, e eu posso falar aqui no Município, porque, afinal de contas, sou Vereador, não sou Deputado, nem estadual, nem federal. Então, posso falar como Vereador. Se nós não melhorarmos o sistema de Educação neste Município e se nós não tivermos uma política relacionada à criança, na área da Assistência Social, para retirar essa criança da rua, o que nós ouvimos aqui de pregação em termos do projeto do Fome Zero é uma balela que não vai passar de uma simples demagogia, que serve para eleger, talvez, algum político, mas que, na verdade, não vai resolver fome coisíssima nenhuma.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Darci Campani está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente, Vereadores presentes nesta Sessão, em nome da nossa Bancada, gostaria de apresentar, neste espaço curto de tempo que temos, pelo menos uma resposta a dois itens que aqui foram levantados que nós achamos da máxima importância. O Ver. Elói Guimarães, jurista reconhecido na nossa Cidade, atacou a questão do discurso do nosso Presidente da República, mas, infelizmente, do ponto de vista - que é o que está na mídia, inclusive - de pinçar uma palavra, uma frase, dentro de toda uma lógica, todo um raciocínio que o nosso Presidente fez, e, não por um acaso, no Espírito Santo. Foi exatamente quando ele estava passando pelo Estado do Espírito Santo, onde inúmeras denúncias foram feitas contra a Justiça, e quando alguém lá conseguiu fazer um trabalho sério inclusive foi assassinado, um Juiz foi assassinado lá no Estado do Espírito Santo. Mas há pouco tempo ocorreram denúncias sérias contra membros do corpo do Judiciário daquele Estado. Por que existem três Poderes? No Legislativo, a cada quatro anos, a população de todo o Brasil, desde que restabelecido o Estado democrático no nosso País, pode dar o seu aval, ou seja, se assim está bom, se não está, enfim, se tem de haver trocas ou não; no Executivo a mesma coisa, desde que se restabeleceu o Estado democrático no nosso País, também a cada 4 anos, seja ele em âmbito municipal, estadual ou federal, é feita a troca ou não. Nós, aqui, em Porto Alegre, pela avaliação que a população tem feito do nosso trabalho, estamos na quarta gestão, pelo que a maioria da população de Porto Alegre avalia do nosso trabalho. Por que o Judiciário não pode sofrer esta mesma avaliação? Por que o Judiciário é um poder intocável em relação à população? Porque as denúncias estão aí. É fácil o discurso de chegar aqui e defender uma determinada corporação, mas se esquecer do noticiário que, há poucas semanas, apresentava Juízes que davam ganhos de causa em ações contra o INPS, Juízes que hoje estão na cadeia, com construção de tribunais com fábulas de recursos. Então, eu acho que a compreensão da intervenção do nosso Presidente Lula, no seu todo, não numa frase pinçada dentro do discurso, tem o apoio do Partido dos Trabalhadores, é a visão que o Partido dos Trabalhadores tem sobre a participação popular como um todo. A participação popular tem que ser algo que deve penetrar em qualquer órgão que seja público. Se for público tem que ter participação, vigilância, auditoria e trabalho da população para saber o que está acontecendo lá dentro, se as coisas estão acontecendo conforme os anseios da nossa população. Temos até, inclusive, uma pesquisa que foi feita por um programa da nossa mídia eletrônica, que foi ao ar, foi feito o debate e, durante o programa, foi feita a pesquisa: 74% das pessoas que espontaneamente responderam ao questionário são a favor do acompanhamento do judiciário pela população. Então eu acho que a gente tem aí um momento político histórico para o nosso País, porque o seu Judiciário tem membros muito sérios, muito corretos, tem o Ministério Público muito presente, muito atuante, mas temos alguns problemas, e nada melhor do que a participação popular para resolver essas dúvidas ou alguns problemas que a gente conhece do nosso Judiciário. Gostaria também de dialogar, apesar de que não se pode dar aparte neste momento, com o Ver. Luiz Braz, e pedir que ele tenha o mínimo de ponderação. No seu discurso eu só ouvi a palavra “nada”, como se não existissem as coisas relativas, pelo menos. É impossível que uma Prefeitura, que uma Administração que está aí pela quarta gestão... É até uma ofensa ao povo de Porto Alegre dizer que essa Administração não faz nada e V. Ex.ª repetiu três ou quatro vezes que “não faz nada”. “Não faz nada para as crianças na rua”, “Não ensina nada no colégio”, “As crianças que estão no colégio não vão se capacitar para nada.” Eu não estava aqui na Câmara, como Vereador, quando foi mais forte o debate sobre a questão dos ciclos. Assisti de fora, estava no Executivo, mas vivi na minha própria carne a questão da problemática em si lançada. Minha filha, no 1.º ano do 1.º grau, foi reprovada. E eu senti o que é uma criança de 6, 7 anos, chegar no final do ano e uma professora dizer para ela: “Você está reprovada.” Isso é a maior tortura de todo o sistema de educação, que a gente sabe as suas origens, as orientações que vinha recebendo até há bem poucos anos, e Porto Alegre é a Cidade que debate internacionalmente os projetos pedagógicos e tem debatido isso aí, a lógica que existe no projeto educacional, ou seja, uma criança de 6, 7 anos, recebendo a notícia, no final de um ano, no qual ela foi avaliada, que ela está reprovada. Isso ocasiona um trauma numa criança que não se recupera mais. Eu passei por este trauma e, dois anos depois, essa mesma criança, minha filha, chegou ao final do ano, foi aprovada, mas ela não acreditava em si própria porque ela não sabia se iria passar ou não. Então, o sistema educacional que nós estamos construindo na cidade de Porto Alegre é um sistema educacional humanista, que tem no seu centro a questão humana. Uma criança não pode ser torturada, não pode haver um sistema autoritário, não pode acontecer que, no final do ano, porque a criança não conseguiu decorar uma determinada coisa, ela tenha de ser reprovada e carregar para o resto da vida esse carimbo. É um carimbo. Nós estamos categorizando crianças de 6, 7 anos. Que se faça isso com adultos, numa faculdade, ou já no 2.º grau, onde o nível de entendimento, onde o nível de percepção é outro.

Concluindo, nosso sistema de educação é humanista, com forte vertente humanista, e penso que isso aí é um grande debate que a Câmara não enfrentou devidamente naquele período. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o meu querido amigo Ver. Darci Campani fez um belo pronunciamento agora e antecipou um assunto que certamente me traria à tribuna neste dia. Não sei se por mera coincidência, ou se por uma antecipação estratégica, por parte da Bancada do Partido dos Trabalhadores, S. Ex.ª, o Ver. Darci Campani, veio a esta tribuna enfatizar o caráter humanista da educação pública ministrada no município de Porto Alegre. É que muito provavelmente não tenha passado despercebido a ele e a esta Casa que, nas últimas horas, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, acaba de manifestar a sua desconformidade com o chamado Regime dos Ciclos, colocado na educação em Porto Alegre e também no Estado de São Paulo. Não sei se o Presidente Lula, fiel ao discurso do PT de São Paulo, que sempre combateu a educação por ciclos, realizado pelo Governo Alckmin, em São Paulo, não se apercebeu de que aqui, no Rio Grande do Sul, se fazia essa mesma experiência. O que eu sei, e o que o País ficou sabendo, é que ele se soma àqueles que discordam desse tipo de desenvolvimento educacional das crianças, que aqui, em Porto Alegre, tem sido amplamente criticado. Tivemos, aqui, colegas, o Ver. Jocelin Azambuja e a Ver.ª Sônia Santos - que, quando aqui esteve, também se ocupou fortemente desse fato -, que trouxeram, inclusive, exemplos que comprometem, por inteiro, essa experiência, que, longe de ser uma inovação, passa a ser o retorno a um período já muito distante, em que não existia o “seriamento” escolar, devido às circunstâncias de que as crianças já eram educadas por um sistema nada convencional, emergencial, num período de pouco desenvolvimento cultural do Estado, no final do século XIX, início do século XX. Os professores particulares conseguiam reunir crianças, na mesma sala, em situações diferentes, e ministrar os rudimentos com os quais eles iriam enfrentar a vida. Veio a Reforma Capanema, depois, e uma série de outras inovações no Sistema Educacional Brasileiro, e fizeram com que, desde os anos 40, nós conhecêssemos, Ver. Wilton Araújo, o sistema seriado, que é a forma com que V. Ex.ª estudou na escola, o Ver. Pedro Américo Leal estudou na escola, o Ver. Reginaldo Pujol, a Ver.ª Margarete Moraes, a Ver.ª Maristela Maffei e tantos outros mais. Isso criou uma situação que apresentava um gargalo, inclusive, no vestibular e que apontava que algumas escolas eram mais eficientes do que outras. O sistema por ciclos apresentado como uma revolução na educação não tem sido eficaz nos seus resultados. E quem diz agora, Ver.ª Margarete Moraes, que esteve por longo tempo na Secretaria de Cultura do Município, não é mais o Ver. Reginaldo Pujol, mas, sim, o Presidente da República. O Presidente que a maioria dos brasileiros escolheram. Então, quando vocês vierem reclamar, agora, que nós somos muito ousados em nossas críticas, reclamem do Presidente que a maioria do povo brasileiro elegeu com o seu apoio e com o seu aplauso. É ele que disse para toda a Nação que isso não tinha dado resultado positivo, e não deu! É um fracasso! Isso é um fracasso! O Lula tem nos surpreendido, em determinados momentos, porque ele aprende ligeiro. Ele olhou este País, viu o resultado e disse: “Isso não está certo, parem com esse negócio. Deixem eu continuar na cartilha do Fernando Henrique, aqui na parte econômica, que está dando resultado e parem com essas inovações porque não dão resultado positivo”.

Então, Presidente, não queiram agora alcunhar a oposição da Casa de ser uma oposição empedernida, insensível, que não enxerga as coisas. Não, ao contrário! Nós enxergamos e anunciamos. Faz dez anos que nós dizemos: esse negócio não dá resultado! A nossa posição, Ver. Darci Campani, está corroborada, porque ninguém mais, ninguém menos do que Luiz Inácio Lula da Silva concorda plenamente conosco. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Cumprimento as Lideranças, que acertaram a ordem dos Projetos a serem votados agora, na seguinte ordem: PELO n.º 001/02; PELO n.º 005/02; PLL n.º 084/02 e PLL n.º 102/01.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. 0329/02 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 001/02, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que altera o § 1.º do art. 77 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (formalização do veto)

 

Parecer:

- da Comissão Especial: Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- discussão geral nos termos do art. 130 do Regimento da CMPA;

- incluído na Ordem do Dia em 19-03-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PELO n.º 001/02. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, colegas Vereadores e colegas Vereadoras, este Projeto de nossa autoria visa a mudar o art. 77 da Lei Orgânica, que trata dos Vetos. Nós queremos que a Prefeitura de Porto Alegre, o Prefeito modifique a sua manifestação.

Diz o art. 77: “O Projeto de Lei, se aprovado, será enviado ao Prefeito, o qual em aquiescendo, o sancionará. Parágrafo 3.º: Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Prefeito importará sanção.”

Pois bem, o que nós decorremos dessa mudança deste Projeto? Nós estamos acrescentando o seguinte: Parágrafo 1.º: Se o Prefeito julgar o Projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, manifestará, por escrito, ao Presidente da Câmara Municipal, sua decisão de vetá-lo, total ou parcialmente, dentro de 15 dias úteis, contados a partir daquele em que recebeu e deverá, ainda, publicar a fundamentação do Veto no Diário, devolvendo o Projeto, a parte vetada ao Presidente da Câmara, dentro de 48 horas após o encerramento do prazo de 15 dias.”

O que tem acontecido, Sr. Presidente, é que - algumas vezes nos insurgimos aqui - é que esse Projeto não volta no prazo estabelecido.

Nós quisemos, com este Projeto, fazer Ver. Wilton Araújo, que efetivamente ficasse expresso aqui que nesse prazo o Projeto voltasse para a Casa. Então, portanto, ele é um Projeto simples, mas queremos com isso qualificar essa relação entre os Poderes Legislativo e Executivo. Portanto, estamos em 1.ª Sessão de Pauta, vai proporcionar a discussão aqui, por parte dos colegas Vereadores do possível aperfeiçoamento, e esperamos que no final possamos aprovar este Projeto. Era isto, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais quem queira discutir o PELO n.º 001/02.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2734/02 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 005/02, de autoria do Ver. Marcelo Danéris, que altera o art. 12 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (bens públicos municipais)

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM, em 10-03-03;

- discussão geral nos termos do art. 130 do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PELO n.º 005/02. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto do Ver. Marcelo Danéris que se encontra na Ordem do Dia mercê de uma decisão do colegiado que decidiu incluí-lo na Ordem do Dia face o art. 81, chega à votação sem nenhum parecer proferido por nenhuma das Comissões temáticas da Casa.

O Projeto, iniciado em 21 de agosto de 2002, chega agora à votação, em abril, quase maio de 2003, nessas condições, porque foi colocado em 20 de fevereiro do corrente ano, Ver. Pedro Américo Leal, em urgência automática por decorrência regimental de que o art. 81 assim o autoriza. Eu fico a me questionar o que ocorreu com este Projeto durante todos os meses do ano anterior, desde 21 de agosto de 2002 que não tramitou na Casa. O que houve com este Projeto? Por que quase um ano depois ele vem aqui para ser objeto da nossa votação sem uma discussão prévia? Normalmente, a primeira coisa que faço, quando vou discutir um Projeto, é ver qual foi o Parecer exarado na minha Comissão, primeira Comissão da Casa, mas não tem Parecer.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Tem, quando muito aqui...

 

(Aparte anti-regimental.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Não tem? Não tem Comissão de Justiça? Mas tem uma Comissão Especial, o que é pior ainda, Vereador. Não se constituiu a Comissão Especial.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu aguardava o seu aparte aqui, sabia que V. Ex.ª viria. Trata-se do...

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª abordou uma questão que eu acho que é fundamental em matérias tão importantes: a alteração da Lei Orgânica e a alteração de Regimentos também. Como vamos alterar o nosso Regimento, temos verificado que as Comissões Especiais constituídas para examinar emendas à Lei Orgânica, quer dizer, a maior Lei do Município, e também alterações do Regimento, que são importantes, passam por Comissões que não se reúnem. Comissões Especiais são formais e, com a alteração do Regimento, Ver. Reginaldo Pujol, essas questões todas podem desaparecer a partir do momento em que as alterações à Lei Orgânica e as alterações também ao Regimento circulem nas Comissões. V. Ex.ª é Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a exemplo das demais proposições. Acho que é algo importante que V. Ex.ª aborda e que poderemos agora corrigir na alteração do Regimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Mais ainda, Vereador: no caso concreto não houve sequer a constituição dessa Comissão que V. Ex.ª diz que não é uma Comissão que rigorosamente se constitua e discuta a matéria, mas nem aquele ato formal da constituição da Comissão teve, nem isso, salvo se não tem alguma coisa no Processo - e eu não posso acreditar que não tenha no Processo. O que eu vejo aqui? Vejo a proposta com Exposição de Motivos, a manifestação e o Parecer prévio, logo depois o envio às Comissões e, imediatamente depois de enviado às Comissões, veio o Pedido de Urgência e o art. 81, solicitado em novembro do ano passado. Não foi votado. Neste ano retorna, pede-se novamente, Ver. Pedro Américo Leal, o art. 81 e aqui se encontra. Ninguém examinou esse Processo; em Comissão Especial, nem comissão temática, ninguém.

O que o Vereador propõe? O Vereador propõe uma alteração no art. 12 da Lei Orgânica do Município. A Lei Orgânica do Município é a nossa Constituição. Acho que nós não podemos alterar uma disposição da Lei Orgânica do Município sem fazer um estudo mais apurado desse fato. O que pretende? Pretende acrescentar parágrafos, acrescentando § 2.º ao art. 12 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, passando o atual parágrafo único para § 1.º com a seguinte redação: “A alienação, transferência acionária, cisão ou extinção de entidades da Administração Pública Indireta dependerá de prévia aprovação por meio de plebiscito junto à população do município de Porto Alegre.” É uma introdução de porte, de monta. Nós precisaremos ir adiante e ver o que diz hoje o art. 12. Diz: “A Alienação dos bens municipais, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será sempre precedida de avaliação e obedecerá ao seguinte:..” Aí enumera. O atual parágrafo único vai virar § 1.º, e será introduzido esse § 2.º.

Quero confessar, lisamente, que, com todo o apreço que tenho ao Ver. Marcelo Danéris, acho que esta Casa cometerá uma temeridade se votar esta matéria sem fazer um aprofundamento nessa discussão; sem, ao menos, ouvir um dos órgãos técnicos da Casa; sem, ao menos, ver o aspecto de juridicidade, porque o próprio plebiscito, aqui recomendado, se sustentou há pouco tempo quando o Ver. José Fortunati pretendia ter uma matéria submetida a plebiscito, que não está regulamentado. Então não pode ter plebiscito em Porto Alegre...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria perguntar a V. Ex.ª...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Só se V. Ex.ª se inscreve e cede o tempo ao nobre Vereador.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Peço desculpas por não responder à pergunta que V. Ex.ª não chegou a formular. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PELO n.º 005/02.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou usar um minuto, se tanto. Eu só quero deixar aqui uma dúvida e uma pergunta ao Plenário, que faço ao Ver. Reginaldo Pujol: se deixaria de caber qualquer sugestão, qualquer trabalho de Vereador sobre algo que fosse transformar a Lei Orgânica do nosso Município, que é a nossa Constituição, não caberia o art. 81? Nós teríamos de fazer uma modificação no nosso Regimento. Quer dizer, não seria permitido o art. 81 em qualquer Emenda ou substituição à nossa Lei Orgânica. Eu perguntaria a V. Ex.ª, que é um Vereador experimentado, se não caberia isso.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acho que V. Ex.ª foca o assunto com muita propriedade, porque em verdade o art. 81 é muito simples. Se a matéria ficar 30 dias aqui na Casa, é um direito que assiste a qualquer Vereador pedir o art. 81. Ocorrem situações como esta, em que uma matéria dessa profundidade chega ao exame sem nenhuma manifestação na Casa. Seguramente vamos ter de repensar o art. 81. Acho que o prazo de 30 dias é muito exíguo, tem de aumentar, e tem de ser mais rigoroso o nosso Regimento na abertura dessa possibilidade. Acaba que quase tudo o que é votado na Casa é votado com base no art. 81.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Porque o art. 81 é um “exocet”. O art. 81 dispensa qualquer opinião de Comissão. V. Ex.ª, que é um Vereador também experimentado...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Pedro Américo Leal, informo a V. Ex.ª que a alteração do Regimento, que está para ser entregue e debatida numa primeira Sessão na próxima quarta-feira, entre Mesa e Lideranças, acolhe a preocupação de V. Ex.ª.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu acho que V. Ex.ª concorda comigo. Ver. Reginaldo Pujol, eu estava na minha Bancada e me ocorreu a seguinte verdade: não se pode aplicar o art. 81 numa modificação da Lei Orgânica. V. Ex.ª, que é um advogado militante, como é que pode entender uma coisa dessas?

Nós, aqui do Plenário, recebemos tanta matéria que não podemos dar conta do recado; agora, confiamos que as Comissões estudem as coisas, que a matéria seja pensada, repensada, e repentinamente nos vem aqui... Nada há contra V. Ex.ª, Vereador Marcelo Danéris. Não tenho nada contra V. Ex.ª, mas acho que nós temos que pensar nisso.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª levanta um tema de grande importância. Infelizmente a nossa Lei Orgânica e especialmente o nosso Regimento são muito draconianos em algumas coisas; o nosso Regimento permite esse tipo de coisa. Eu acho que, na nossa revisão, Ver. Pedro Américo Leal, nós temos que aprofundar isso. Eu concordo com V. Ex.ª. Por quê? Porque a Lei Orgânica é a Constituição do Município. E uma Constituição, para sua mudança, além do quórum qualificado, na nossa avaliação e na avaliação também de V. Ex.ª, antecede uma discussão qualificada justamente para aprofundar, nas Comissões temáticas, a profundidade ou não dessa mudança.

Portanto, acho extremamente pertinente que esta matéria seja discutida hoje e que nós possamos, então, remeter a uma discussão conjunta maior de outras questões que não envolvem só essa.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Pois eu não sou bacharel, mas na minha Bancada eu estava me apercebendo disto: da importância de uma sugestão de qualquer Vereador que venha solicitando o art. 81 e que coloque o Plenário, repentinamente, numa votação sem o conhecimento devido porque não passou pelas Comissões.

Como podemos resolver isso? Vamos procurar modificar isso.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, eu acho que, do ponto de vista dessa metodologia, do funcionamento do Regimento, é válido debater a questão. Mas quero dizer que, no mérito, este Projeto aqui, penso que ele é correto, positivo, e tenho a certeza de que V. Ex.ª também, porque, veja bem, ele busca evitar que essa sanha privatizante que nós vivemos nesses anos todos, que praticamente desmontou o Brasil, desmontou o Rio Grande do Sul - e felizmente aqui em Porto Alegre não grassou esta onda neoliberal privatizante -, fica aqui condicionada à vontade popular. Nós vimos governos, contra a vontade popular, entregando a Vale do Rio Doce, querendo entregar a PETROBRAS, entregando as siderúrgicas, entregando, enfim, as ferrovias, as rodovias. Só não nos entregaram porque seria inconstitucional porque os brasileiros estariam nas galeras, trabalhando, talvez, ou sendo “bucha de canhão” lá no Iraque. Então penso que o conteúdo e o mérito do Projeto do Ver. Marcelo Danéris são válidos, mas a discussão de V. Ex.ª também é válida porque é mais genérica.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Ver. Raul Carrion, ninguém, aqui nesta Câmara, foi mais contra as privatizações do que eu, ninguém mais!

 

O Sr. Raul Carrion: E esta Casa aprovou por unanimidade contra a Lei das Águas. Porque aqui é contra a alienação, transferência acionária, cisão ou extinção.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Já lhe dei o aparte. Agora eu quero conceituar o que é que nós estamos colocando na tribuna. É que nós precisamos modificar o Regimento. Agora, é preciso muito cuidado, porque algo que vai modificar a nossa Lei Orgânica... E, de repente, vem aqui o art. 81.

Fica à consideração de V. Ex.ª para nós modificarmos o Regimento, até contra as privatizações. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir o PELO n.º 005/02.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não quero tratar sobre a reforma do Regimento, porque a reforma do Regimento é pauta desde o final do ano passado e tem todo o nosso apoio. Se o art. 81 não deve ser aplicado em determinado caso ou se deve ser aplicado, acho que nós temos todas as condições de fazer esse debate, ajustá-lo e tudo mais. O fato é que o art. 81 é possível, e aqui na Ordem do Dia há vários Projetos, inclusive o Ver. Luiz Braz mesmo tem um Projeto com o art. 81 aqui. Discutir quando é melhor aplicado o art. 81, perfeito; na reforma do Regimento. O que se trata aqui é o Projeto; eu não quero desviar a opinião sobre o Projeto, que está em 1.ª Sessão de debate. Como é a alteração da Lei Orgânica, são três Sessões de debate. É tempo suficiente para a Câmara fazer o debate. São três Sessões, e esta é a primeira, haverá mais duas. Depois haverá a votação em 1.º turno e depois votação em 2.º turno; e precisa de dois terços dos votos. Se tudo isso não é o suficiente para a Câmara entender, não vai ser uma Comissão Especial que vai resolver o problema. Mas tudo bem, não somos contrários a que se faça uma Comissão Especial. O problema é que não estamos tratando aqui de Regimento e nem de sua reforma; estamos falando de um Projeto que é simples e que diz o seguinte: “Altera o art. 12 da Lei Orgânica - e coloca lá - § 2.º - Alienação, transferência acionária, cisão ou extinção de entidades da Administração Pública Indireta deverá ter prévia aprovação por meio de plebiscito junto à população do município de Porto Alegre.” O que é esse Projeto, Ver. Luiz Braz, que me ouve com atenção? É o mesmo Projeto aprovado na Assembléia Legislativa, por unanimidade, assinado por todos os partidos, e que não foi apresentado pelo Partido dos Trabalhadores na Assembléia Legislativa. A primeira versão desse Projeto foi apresentada pelo Deputado Vieira da Cunha, que propôs isso para a CORSAN, se não me engano, e, depois, foi ampliado para todas as entidades e instituições indiretas do Governo Estadual. Foi apresentado na Assembléia Legislativa, inclusive, a pedido de Câmaras de Vereadores de todo o Estado e aprovado, Ver. Pedro Américo Leal, por todos os partidos, e assinado por todos eles. Esse Projeto está aqui, agora, na Câmara de Vereadores. Na mesma época, este Vereador propôs a mesma coisa para a Câmara de Vereadores. Aprovado na Assembléia por todos os partidos, portanto, posição estadual, do PSDB, do PFL, do PPS, do PT, do PC do B, do PP, foi posição unânime da Assembléia. E este Projeto diz exatamente a mesma coisa que foi aprovada na Assembléia por unanimidade dos partidos.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu vou votar a favor do Projeto, porque eu fui contra as privatizações desde o primeiro dia em que começaram a inventá-las. Vocês sabem que não era a opinião geral do meu Partido. Eu não estou discutindo isso. O que eu me apercebi é de que há o perigo, devido a nossa vida tumultuada - somos 33 Vereadores; aliás, eu nunca me conformei que Porto Alegre tivesse 33 Vereadores, por causa da quantidade de trabalho - de que qualquer sugestão de um Vereador modificando a Lei Orgânica possa ser passível de receber o art. 81. Isso é que eu estou...

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Quanto a esse assunto, é como eu esclareci no início, tem a tranqüilidade da nossa parte. Nós estamos a favor da reforma do Regimento da Casa - pode-se entrar nesse debate -, mas o que é importante sobre este tema é que nós estamos na 1.ª Sessão de debate. Há mais duas Sessões de debate, depois há uma votação de 1.º turno, depois há uma votação de 2.º turno. Então, a proposta é: ouça a população quando quiser privatizar no Município. Mas alguém é contrário a que a população de Porto Alegre seja ouvida antes de ser privatizada entidade da Administração Indireta como a EPTC, o DMAE, o DEMHAB?

Então, esta é a proposta do Projeto, que já foi proposição estadual de todos os Partidos. É para a Câmara também fazer a sua parte e Porto Alegre também fazer a sua parte. Agradeço a participação do Ver. Pedro Américo Leal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa chama a atenção de que, hoje, é o primeiro dia de discussão da matéria. Há outros dois dias de discussão da matéria. Eu devo dizer ao Ver. Elói Guimarães que houve uma permuta de tempo entre o Ver. Marcelo Danéris e o Ver. Luiz Braz, que estavam inscritos antes de V. Ex.ª.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PELO n.º 005/02.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, este Projeto, Ver. Cláudio Sebenelo, Líder da minha Bancada, é um Projeto extremamente inteligente, feito pelo Ver. Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, porque ele busca defender aquilo que é o pensamento da Bancada do PT, pensamento que tem sido exposto nos últimos tempos, que é contrário à linha do que nós pensamos. Mas ele não deixa de ser inteligente, porque ele está coerente com a linha de pensamento do PT.

Eu nunca sei se a linha de pensamento do PT é a mesma linha da prática daqueles que vão executar as obras do PT, porque, por exemplo, o PT é contra a reforma previdenciária, o PT é contra a reforma tributária quando é feita pelo Fernando Henrique, mas, quando assume o Lula, aí é a “salvação da lavoura”, tem que fazer! Então, eu não sei mais qual é a verdade do PT.

Eu não sei quando eles estão dizendo a verdade e quando não estão dizendo a verdade.

Ver. Wilton Araújo, eu vejo alguns homens honestos, ilibados, virem a esta tribuna e pregarem contra a privatização. Mas eu quero perguntar para essas pessoas o que era a política dentro da CEEE, dentro da CRT, que dava um enorme prejuízo para este Estado, e, muitas vezes esses partidários de sindicatos que estão aqui, muitos representados nessa Bancada, iam lá confabular...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Luiz Braz, chamo a atenção de V. Ex.ª de que o assunto não está em Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: V. Ex.ª, acho que não conhece o Projeto na sua íntegra, Vereador-Presidente, porque, se V. Ex.ª conhecer o Projeto, vai saber que estou absolutamente dentro do tema. O Projeto trata da possibilidade ou não de alienação, transferência acionária, cisão, extinção de entidades da Administração Indireta, que vai depender de uma prévia aprovação em plebiscito. Ora, quando estou falando em privatização, eu estou exemplificando a privatização que aqui quer ser evitada com a privatização que houve no Governo do Estado...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): V. Ex.ª está usando como argumento. Dou razão à V. Ex.ª.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, peço desculpas, não quis ser deselegante com V. Ex.ª, mas apenas quis continuar expondo o meu pensamento. O Ver. Marcelo Danéris quer que, aqui no Município, esta Câmara Municipal pare de ter poder de opinar se um patrimônio público do Município pode ou não ser alienado. A Câmara Municipal perde os seus poderes. Quem começa a ter poderes, Ver. Cassiá Carpes, de acordo com o Ver. Marcelo Danéris? É um plebiscito, porque é o povo que vai opinar. Mas tenho minhas dúvidas com relação ao plebiscito, porque, dependendo da forma como for colocada a consulta plebiscitária para a população, teremos uma ou outra resposta. Vamos depender do resultado desse plebiscito. Ouço, às vezes, um programa pela manhã numa das rádios de nossa Cidade que coloca um plebiscito no ar, e o resultado depende muito da forma como está sendo conduzida aquela discussão, porque o resultado pode não ser coerente com a necessidade do Município, do Estado ou da sociedade. Então, começa, aqui, uma falha nesse Projeto de Lei com relação ao seu mérito. Ora, uma consulta plebiscitária vai substituir a Câmara? A democracia representativa não tem valor para o PT, porque eles são contra a democracia representativa. Eles são a favor do tipo de democracia em que podem manipular uma meia dúzia de pessoas, trazer pessoas de ônibus para opinar aqui no Orçamento Participativo e aí resolvem a questão dizendo para a população que todo o mundo pensa de acordo com o que eles querem. Mas este Projeto tem exatamente esta linha. O que quer o Ver. Marcelo Danéris é exatamente isto, Ver. Haroldo Barbosa: tira poderes da Câmara Municipal, tira poderes dos Vereadores e transfere poder para o Executivo, porque, por uma consulta publicitária, vai manipular a opinião pública e vai ter o resultado que bem entender. Isso é o que está escrito aqui no Projeto do Ver. Marcelo Danéris e que eu acredito que nós temos que rejeitar. Aliás, o Ver. Marcelo Danéris é um Vereador tão inteligente que, ao ver que não vai conseguir os 22 votos, tenho certeza que vai retirar este Projeto. E, afinal, seria esta Câmara se curvar ao PT se realmente aprovasse o Projeto do Ver. Marcelo Danéris. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PELO n.º 005/02.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Vereadoras, concretamente o que pretende o Ver. Marcelo Danéris, Ver. Pedro Américo Leal, é retirar poderes da democracia representativa. Retira poderes da Casa, como representação legislativa e também retira poderes do Chefe do Executivo, como Administração. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é uma matéria que está aguardando um aprofundamento do debate sobre a mesma. Diria que a extinção da EPATUR, por exemplo, na proposta do Ver. Marcelo Danéris, iria para o plebiscito. São os aspectos burocratizantes. E o Estado brasileiro é acusado, permanentemente, de montar verdadeiras estruturas burocráticas, impedindo, muitas vezes, que a sociedade caminhe. Isso, talvez, pela influência lusitana na administração, mas é um dado a dificuldade que se tem em se tocar os assuntos públicos.

Muitas vezes, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se ataca o Estado e, com isso, indiretamente, se ajuda a iniciativa privada, quando se cria um elenco, um gigantismo para que o Estado se desenvolva. E o que diz a população? O que é do Estado não funciona, está na “boca do povo”! Por quê? Porque o Estado é pesado, é lerdo, é difícil, qualquer coisa é isso, mais aquilo, mais aquele outro. Nós, que defendemos o Estado - eu defendo o Estado, eu não defendo o Estado mínimo, não, - temos de ter cuidado até de boas intenções, mas com componente de inocência muito grande.

Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que me diz o plebiscito? O plebiscito por si só não diz nada, porque dependendo dos interesses jogados na sociedade, alguém pode conduzir esse plebiscito.

Então o que eu vejo, o que eu penso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores? É que nós deveríamos estabelecer mais rigor para a democracia representativa decidir. Como se expressaria isso? Num quórum extremamente exigente. Porque o plebiscito, por si, Ver. Wilton Araújo, depende de quem comanda lá fora, e, via de regra, são os grandes interesses, que têm a mídia e o poder na mão.

Então, nós podemos chegar a uma verdade em que o plebiscito se torna muito mais frágil do que a representatividade, sob o ponto de vista da democracia. Nós temos vários plebiscitos aí, ora a favor, ora contra, dependendo da maneira e dos interesses em jogo. O plebiscito por si só, na minha opinião, não diz tudo. É uma forma de auscultação da vontade popular? É, eu não quero dizer que não, mas por si só não diz tudo.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para colaborar com o raciocínio de V. Ex.ª, contrastando com ele, chamar a atenção, por exemplo, da importância da participação da sociedade. No caso da privatização da CEEE, o Projeto tramitou por 7 dias na Assembléia Legislativa e foi votado e aprovado. E o plebiscito, em geral, como instituto constitucional, é regrado, tanto na Constituição Federal como na própria Lei Orgânica. Apenas para consideração e lembrando essa questão da CEEE, que o Projeto com 7 dias de tramitação foi aprovado na Assembléia Legislativa. Apenas para considerar.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Nós não trabalhamos no nosso discurso a questão do ponto de vista de casos, nós estamos trabalhando em tese, e nem pode ser diferente. Nós estamos argumentando aqui e desenvolvendo o raciocínio a uma tese, a uma ideologia.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o plebiscito, por si não diz tudo, é uma forma que pode carregar os pecados até mais graves do que a democracia representativa, dependendo da correlação de forças e do jogo de interesses que se instalam nesta ou naquela questão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrada a 1.ª discussão do PELO n.º 005/02.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1486/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 084/02, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que altera a Lei nº 8.192, de 17 de julho de 1998, que obriga as agências bancárias, no âmbito do Município, a colocar à disposição dos usuários, pessoal suficiente no Setor de Caixas, para que o atendimento seja efetivado em tempo razoável.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81da LOM, em 17-03-03.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLL n.º 084/02, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro. O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para discutir.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos na discussão do Projeto do nobre Ver. Juarez Pinheiro sobre a famosa Lei da Fila, que dispõe, em síntese, se não me falha a memória, no sentido de as pessoas, se ficarem na fila mais do que um determinado tempo, poderem denunciar se não forem atendidas pelos caixas dos bancos.

Esta Lei eu sempre advoguei e vou continuar advogando. O poder desta Casa de reger tais assuntos eu acho que está dentro do Município de Porto Alegre e nós devemos manter o poder de legislar sobre esse assunto.

As alterações desta Lei, proposta pelo seu próprio autor: aumentar as multas de 200 para 2.000 UFIRs, de 400 para 4.000 UFIRs. Mas eu gostaria de me fixar em alguns pontos, Ver. Juarez Pinheiro, quais são eles: V. Ex.ª, no art. 5.º e parágrafos e suas alterações, coloca que o órgão fiscalizador do Município, portanto, órgão fiscalizador do Executivo Municipal de Porto Alegre – SMIC, provavelmente – deverá realizar impositivamente, portanto deverá realizar - e assim deve ser a Lei: impositiva para o seu cumprimento - assídua verificação direta junto às agências bancárias para o efetivo cumprimento da Lei. Ora, se fizermos uma estatística do efetivo cumprimento da Lei durante esse período que ela já é vigente, certamente, muito poucas denúncias aconteceram, não sei quantas, mas certamente muito poucas, porque o Executivo não está preparado para receber essas denúncias, o Executivo não se preparou para isso e não executa essa função, porque não quer. Veja V. Ex.ª, autor da Lei, do Partido situacionista, se durante a vigência dessa Lei até hoje não houve aplicação dessas multas... Levanto a seguinte tese: será que o aumento da multa e a obrigatoriedade da fiscalização periódica vai fazer com que cumpram a Lei? Segundo argumento que uso: vejo V. Ex.ª defender com muita garra e com autoridade, porque jurista o é, de que esta Casa tem dificuldades orgânicas e constitucionais de legislar sobre a matéria que o Executivo tem de fazer. Dar normas e obrigar o Executivo a fazer isso ou aquilo. Por várias vezes vi, em vetos, brilhantes defesas de V. Ex.ª neste sentido. Por isso, quero frisar e levantar a seguinte questão para os pares da Casa: vale para o Vereador situacionista fazer esse tipo de Lei e lá o Executivo calar, sancionando? Não vale para o Vereador oposicionista fazer, porque o próprio autor da Lei vem aqui e pede a manutenção do Veto nesse tipo de Lei. Há uma inconseqüência na postura do nobre Vereador, e não só dele, da bancada situacionista, porque sabe que lá dentro, intestinamente, fez o acordo, passou pelas instâncias. E aqui, então, vê passar. Muito preocupante isso. Se lá dentro já vem com um acordo, se for da situação, nós vamos cumprir? Vamos silenciar? Concluo: se for da oposição, não? Preocupa muito esta Casa. E vou levar em consideração o voto, embora seja a favor de o poder desta Casa legislar sobre este assunto, mas quero ver a posição de V. Ex.ª e da bancada da situação quando for um projeto da oposição.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o PLL n.º 084/02. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, eu me inscrevi para discutir o PLL n.º 084/02.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. João Carlos Nedel, nem eu nem a Secretária vimos a inscrição de V. Excelência. Mas V. Ex.ª pode encaminhar. A Mesa está atenta, não tinha nenhuma inscrição, nenhum Vereador se aproximou, com exceção do Ver. Luiz Braz, que até desistiu e disse que encaminharia. E eu não posso adivinhar que V. Ex.ª... Eu olhei, ninguém falou, eu coloquei em votação. Lamentavelmente... Em votação, encaminha o Ver. Juarez Pinheiro.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Presidente, eu lhe fiz sinal tão logo o Ver. Wilton Araújo subiu à tribuna, eu fiz o sinal para V. Ex.ª, os dois estavam olhando em minha direção, e eu entendi que V. Ex.ª tinha visto.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não, V. Ex.ª levantou a mão depois que eu disse que estava em votação.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Não, foi antes de o Ver. Wilton Araújo se dirigir à tribuna. Se V. Ex.ª não viu, eu também não sou culpado.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 084/02.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. João Antonio Dib, esta Casa e os Vereadores que compuseram a Legislatura anterior conhecem esta legislação.

Ver. Haroldo de Souza, eu quero, inclusive, porque comentei com V. Ex.ª sobre esta legislação, e V. Ex.ª compreendeu a magnitude dela, agradecer pela compreensão.

Esta Lei não é uma Lei para fazer um debate das nossas disputas internas de oposição e de Governo. Um dos maiores flagelos que tem a população brasileira hoje é a verdadeira opressão que fazem os banqueiros contra a população pobre, porque apenas 30% dos brasileiros possuem conta bancária.

Ver. Wilton Araújo, a legislação que nós constituímos aqui em Porto Alegre, e foi num interregno de seus mandatos, foi um momento em que V. Ex.ª não estava nesta Casa, posterior, foi uma Lei absolutamente pioneira em nível nacional, uma Lei que é hoje copiada em todas as principais capitais deste País, uma Lei que tem dois objetivos fundamentais, muito antes de fazer uma disputa meramente ideológica ou partidária, que é ficar do lado da população. Nós, com esta Lei, objetivamos, basicamente, em primeiro lugar, defender os postos dos trabalhadores bancários que, por exemplo, em Porto Alegre, tinham, em 1994, trinta mil trabalhadores bancários, e hoje nós possuímos apenas quatorze mil trabalhadores bancários, e os consumidores, os clientes que são consumidores, de acordo com o art. 3.º do Código de Defesa do Consumidor, estavam ficando expostos, no momento em que fizemos essa Legislação, mais de 2 horas numa fila de banco para serem atendidos. Nós, que temos uma agência na Câmara de Vereadores, as pessoas que têm conta especial, movimentam de suas casas suas contas; não entram em fila. Agora, a população que não tem cheque, que não tem conta, para receber um pequeno cheque ou, às vezes, para pagar um tributo injusto, obriga-se a abrir mão do descanso, obriga-se a abrir mão de ficar com a sua família, no seu lazer, perde, às vezes, o trabalho, porque o banqueiro precisa despedir o trabalhador bancário para ter ainda mais lucros. Com relação a esta discussão, Ver. Wilton Araújo, eu peço a V. Ex.ª que tivéssemos a estatura política, pelo que ela representa, para que ela não fosse colocada no rol das nossas disputas diárias, que são disputas importantes, porque, atrás de cada discurso, há uma ideologia. Nós só estamos modificando a legislação, porque, hoje, Ver. Wilton Araújo, colocado como está na Lei, apenas quando o cidadão que ficou mais de uma hora na fila vai e faz o registro na SMIC, perdendo mais uma ou duas horas, é que é possível abrir um processo administrativo. E a nossa Lei foi pioneira; à altura da sua constituição não tinha nem uma outra lei, em nem uma outra cidade deste País, que dispusesse sobre a matéria. Nós não tínhamos parâmetros, mas esta Casa... Porque eu, junto com outros Vereadores, soubemos constituir uma legislação que vem ao encontro de todas as pessoas, mas, principalmente, dos mais pobres, daqueles 70%, porque só 30% têm conta bancária. Eu quero dizer a Vossa Excelência que a alteração, que determina que a SMIC faça, é para cumprir um dispositivo judicial que possibilite que a SMIC possa fazer esse controle direto, para evitar a questão do contraditório. Então, há um fundamento jurídico, e não um fundamento de querer obrigar o Poder Judiciário. Quero dizer a Vossa Excelência, Ver. Wilton Araújo, que eu estive nos dois julgamentos de ações impetradas pela Associação de Bancos e Sindicatos de Bancos para tentar tornar inconstitucional essa Lei. E o Poder Judiciário, no acórdão colocado pela 4.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, elogiou sobremaneira a atuação da Câmara de Vereadores em legislar nesse tipo de matéria. Então, a colocação que fazemos, do Poder Executivo, é meramente de ordem judicial, independentemente de uma provocação de um cidadão que ficou na fila por mais de 30 minutos para, às vezes, pagar um tributo, que ele não precise ir até o órgão e fazer a denúncia, e o próprio órgão fiscalizar. Então, é uma questão de ordem judicial, que vai ao encontro de milhares e milhares de pessoas pobres. Àquela altura, quando fizemos a legislação, não tínhamos nenhum parâmetro. De outra parte, para finalizar, Sr. Presidente, as multas, hoje colocadas, são muito brandas, e os bancos não respeitam. Então, eu falo isso especialmente a V. Ex.ª, alterar o valor das multas é fazer com que a Lei adquira cogência, adquira densidade, para que os bancos, evitando ser multados, possam atender melhor à população. E eu quero dizer a V. Ex.ª que já fiz um Projeto de Lei e votei contra o meu Projeto de Lei, para mostrar a minha coerência. Eu apresentei um Projeto de Lei, Ver. Wilton Araújo, e votei contra na Comissão de Constituição e Justiça. Aqui o que está em jogo, talvez isso seja inédito; talvez, na sua presidência, não tenha havido nenhum caso como esse. Isso é coerência. Eu apresentei porque achei que era importante o debate, mas votei contra na Comissão de Constituição e Justiça, porque era inconstitucional. Nesse caso, não entendo assim, ele visa a atender um dispositivo judicial, para que esta Lei possa ter eficácia.

Nesse sentido, o meu apelo a V. Ex.ª, que não faça um debate partidário ou ideológico, e, junto conosco, como fez esta Câmara quando aprovou esta Lei, pense nesses milhares e milhares de clientes que estão prejudicados hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa solicita, para que não haja dúvidas, que os Vereadores que desejam encaminhar façam as suas inscrições. Há dois Vereadores inscritos para encaminhar: o Ver. Wilton Araújo e o Ver. Luiz Braz. Não há mais inscritos. O Ver. Pedro Américo Leal inscreve o Ver. João Carlos Nedel.

O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 084/02.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto à tribuna, e eu acho que a discussão cresce, se encorpa e faz eco àquilo que a Cidade está ansiosa por ouvir. Primeiro ponto do encaminhamento: durante este todo, o tempo em que está em vigência a Lei, quantos pobres desventurados, sem contas, Ver. Juarez Pinheiro, ficaram menos tempo na fila por causa dessa Lei? Esta é a indagação que deixo no ar. E aqueles que estão nas filas e que passam nas filas mais de meia hora vão entender o que eu estou dizendo. É muito fácil fazer a Lei; difícil é ela ter eficácia, ela estar lá na rua realmente, cogente. Essa é a diferença e a dificuldade que nós encontramos aqui, Vereador. Vejo como bom o encaminhamento de que nós consigamos colocar mais forte a presença da Lei Municipal. Agora, se no Governo de V. Ex.ª, durante a vigência da sua Lei... Não tenho essa mesma experiência que V. Ex.ª tem. Estive em filas, vi bancos lotados, superlotados, pessoas esperando nas filas por mais de trinta, quarenta minutos, uma hora. Não vi ninguém cumprir esta Lei, infelizmente. Ela é muito boa, mas nós temos de ter consciência de que ela, na rua, não está sendo eficaz. Questiono, portanto, será que, se nós aumentarmos as multas, será que o Governo de V. Ex.ª, que durante todo esse tempo não foi capaz de fazer cumprir essa legislação, e esta Casa, infelizmente, não foi capaz de fiscalizar, eficientemente, essa legislação - me questiono -, será que o aumento da multa, será que a possibilidade inconstitucional e inorgânica, segundo as suas próprias palavras, de mandar a Secretaria de Indústria e Comércio fazer pesquisas periódicas ou campanhas periódicas ou verificações periódicas dos bancos vai adiantar? Ou é mais uma lei para arquivar na nossa grande biblioteca. É isso que me questiono. E por isso chamo a atenção da Casa, chamo a atenção de V. Ex.ª, pois sei da sua coerência. Neste momento, neste caso, mostra incoerência. Isso não quer dizer, Vereador, e aí elogio sua inteligência, que sou contra a legislar assim, eu sou muito antes a favor, eu não quero é ser cerceado, no futuro, por legislação deste quilate e desta importância, onde o Executivo de V. Ex.ª certamente vetaria Projeto se fosse de minha autoria, por exemplo. Não são questiúnculas, não são disputas, ideológicas ou partidárias, não. É a verdade que se coloca na medida em que existem dois pesos, duas medidas, duas posturas, dois Vereadores.

Quero deixar bem claro que essa luta dos bancários, da jornada de trabalho, da necessidade de atendimento na hora, é muito antiga e tem a minha participação cotidiana. Voto, sim, a favor da sua alteração da Lei que ainda não conseguiu ter vigência eficaz, mas quero que a bancada governista e o Governo de V. Ex.ª se disponha a fazê-la cumprir. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 084/02.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, o meu amigo Ver. Juarez Pinheiro afirma que foi este Vereador que, quando presidia a Casa, em 1998, promulgou a Lei da Fila, originária de um Projeto de sua autoria. Só quero lembrar que, ao Presidente da Casa, não cabe outra missão, depois que o Chefe do Executivo Municipal deixa de sancionar, quando vem para esta Casa, temos um prazo de 48 horas para promulgar. Então, não fiz nenhuma opção, no momento em que estava exercendo a função de Presidente da Casa, promulgando a Lei do Ver. Juarez Pinheiro.

Tenho uma tendência a votar favoravelmente à Lei de V. Ex.ª, só que tenho ainda algumas dúvidas. A tendência que tenho em votar é motivada pelas pessoas que vejo nas filas em todos os bancos, desta e de outras cidades, e que, se não forem clientes especiais, ou especialíssimos, acabam permanecendo durante mais de uma hora na fila à espera de atendimento. E dou um exemplo para V. Excelência. No ano passado, no ano retrasado, o Governo era do Partido de V. Ex.ª, e aqui, no andar superior da nossa Câmara, temos uma agência bancária do BANRISUL, que era vinculado ao Governo de V. Excelência. Normalmente, nos dias de pagamento, as pessoas demoram mais de meia hora nas filas, esperando pelo pagamento, quero perguntar ao Ver. Juarez Pinheiro e aos demais Vereadores da Casa: quantas multas a agência recebeu nesses anos em que o Governo foi do PT? Alguma? Eu não sei, não quero afirmar aqui algo que eu não tenho conhecimento. Gostaria de obter esta resposta. Existe alguma multa aplicada? Acredito que não!

O BANRISUL - eu vou retirar a agência da nossa Casa, que nós conhecemos muito bem -, em suas outras agências, no tempo em que o PT esteve à frente do Governo do Estado, eu pergunto: quantas multas foram aplicadas, por causa da Lei da Fila, envolvendo o BANRISUL? Essa é uma questão sobre a qual eu gostaria de obter resposta.

Gostaria que o Ver. Juarez Pinheiro pudesse me responder o seguinte, eu considero o Ver. Juarez Pinheiro um Vereador sério, inteligente, capaz: por que ele não colocou este Projeto em votação nos anos anteriores, quando o Governo do Estado era o Governo do seu Partido? Por que, exatamente, esta necessidade de nós votarmos agora o Projeto de Lei, quando o Governo do Estado já pertence a um outro Partido? Já está nas mãos de um outro Partido e, por isso mesmo, o BANRISUL deve ser a instituição mais visada.

O Projeto é do ano passado só que não foi colocado em votação no ano passado. Então, este ano quem vai sofrer a fiscalização e a aplicação de multas será, na maior parte das vezes, o BANRISUL. E daí eu faço essas perguntas, Ver. Pedro Américo Leal, porque estou declarando que gostaria de votar favoravelmente ao Projeto de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, porque eu acho que, em uma análise superficial, é um Projeto justo. Afinal de contas, vamos punir quem está, por falta de pessoal, causando sofrimento àquelas pessoas que estão na fila.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Juarez Pinheiro.)

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Ver. Juarez Pinheiro me informa que no ano passado pediu para ser votado o Projeto. Ele está-me respondendo que no ano passado pediu para ser votado o Projeto. Eu acredito no Ver. Juarez, naquilo que ele está-me afirmando. Não vou ser deselegante, como já foram comigo muitas vezes, duvidando da minha palavra quando dizia, de forma anti-regimental também, aquilo que eu fazia no passado e que tinha de provar, por meio de documentos. Mas sempre provei por meio de documentos aquilo que eu afirmava, nunca deixei de provar.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado, Vereador.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Peço ao Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, só um segundo para concluir o pensamento. Peço a esta Casa e ao Ver. Juarez Pinheiro, especialmente, que é meu amigo, que não votemos hoje o Projeto, que possamos deixar essas respostas virem para que, na segunda-feira, ele seja o primeiro Projeto da votação, porque eu quero votar favoravelmente, faço questão de votar favoravelmente, mas, para isso ocorrer, vamos ter de retirar o quórum, de forma deselegante até, mas, para não causar um prejuízo maior para a sociedade, peço isso a este Plenário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 084/02.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos votando o Projeto da Lei da Fila que aumenta as multas em 1.000%! Primeira coisa: um aumento de 1.000% nas multas! O que rende 1.000%? Estamos votando um Projeto que não passou por nenhuma Comissão Técnica, nem pela Comissão de Constituição e Justiça, porque, quando foi para a Comissão de Constituição e Justiça, o Vereador pediu o art. 81. Nenhuma Comissão! Vejam como são as coisas, nós vamos votar no escuro, sem análise técnica.

Um Projeto claramente com vício de iniciativa, como disse o nosso Procurador da Câmara: “É privativo do Sr. Prefeito criar despesas.”

O Ver. Juarez Pinheiro está criando despesas porque diz assim: “Obriga a fiscalizar.”

Ora, senhoras e senhores, nós temos, eu acredito, aproximadamente duzentas agências bancárias em Porto Alegre. Quantos fiscais serão necessários para fiscalizar duzentas agências bancárias em Porto Alegre? Quantos? Qual é o custo, para o Município, dos anúncios em quatro jornais que o Vereador obriga a Prefeitura a publicar cada infração - quatro jornais, três, mais o Diário Oficial? Qual é o custo das campanhas publicitárias que o Vereador obriga o Prefeito a fazer? Campanhas publicitárias que visam alertar a população com referência a esta Lei da Fila. Pergunto a V. Ex.as: onde está a informação no Processo que estava em minhas mãos há pouco? Não tem nem uma informação da repercussão financeira para o Município desse Projeto! Ou seja, esse Projeto contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal! Está mal-instruído! E aí, senhoras e senhores, nós, Vereadores, temos que ter a responsabilidade de votar Projetos que facilitam a iniciativa privada a gerar empregos! Nós aqui estamos dificultando, multando em 4 mil UFIRs se a fila demorar mais de 30 minutos! É custo que os bancos vão repassar para o custo do dinheiro, para o custo do juro ou para o custo das tarifas! Quem é que paga? A população que usa os bancos. Nós estamos aqui aumentando o custo do dinheiro. Nós estamos aqui aumentando o custo do dinheiro, aumentando 1.000% as multas! Não passou por nenhuma Comissão Técnica, a própria Procuradoria disse que é iniciativa do Prefeito, e, por isso, a Lei original não foi sancionada pelo Prefeito! O Prefeito teve vergonha de sancionar porque era ilegal! Teve vergonha, Ver. Luiz Braz, e V. Ex.ª não tinha outro recurso senão promulgar a Lei, conforme manda o Regimento. O próprio Prefeito do Partido dos Trabalhadores não quis sancionar a Lei, porque efetivamente é ilegal. Agora estamos fazendo uma outra lei ilegal proposta por um douto em Ciências Jurídicas! Senhoras e senhores, o que está acontecendo? Vamos nós nos responsabilizar, porque o que os bancos vão fazer? Aumentar a automatização bancária, que já está elevada, e aumentar, Ver. Reginaldo Pujol, o desemprego dos bancários em Porto Alegre! V. Ex.ª bem sabe que o desemprego junto aos bancários aumentou consideravelmente devido à automatização. Nós então gostaríamos de encaminhar contrariamente a votação deste Projeto.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 084/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os argumentos trazidos à tribuna demonstram duas situações muito claras. De um lado, a simpatia da Casa com o esforço do Ver. Juarez Pinheiro, no sentido de enfrentar uma situação que é concreta, que é real.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Há um orador na tribuna. Por favor, atenção.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: A situação é real, é concreta e caracteriza uma realidade da cidade de Porto Alegre. A grande maioria das pessoas que são submetidas ao regime normal de pagamentos nos bancos enfrenta essa realidade. Claro está que não podemos enxergar a floresta, olhando exclusivamente uma árvore; as coisas têm as suas razões e causas. Hoje os bancos substituem, na maioria das vezes, as antigas tesourarias das empresas públicas, das empresas estatais, e, mais do que isso, substituem as coletorias, as exatorias, onde eram recolhidos os tributos. Se perguntarmos para um banqueiro, Ver. Pedro Américo Leal, se ele quer que tenha uma fila de pessoas no seu banco, ele dirá que não quer; a seu gosto, ninguém iria ao banco, eles forçam para que todos trabalhemos com o cartão e com Internet, que é hoje a grande forma de movimentação das contas bancárias. Quem vai à fila do banco? Normalmente são as pessoas mais humildes, as pessoas mais simples que formam filas, sim, para receber aposentadoria do INSS - que o INSS deveria pagar no seu guichê -, o pagamento da Prefeitura, do DMAE, do DEMHAB, o pagamento do Governo do Estado, as professoras, e assim por diante.

O Ver. Juarez Pinheiro, que é um homem sensível, fez uma Lei, e essa Lei, ao que nos consta não vem sendo cumprida pela Prefeitura. Transformou-se numa Lei inócua, tanto é que não se tem conhecimento de nenhum estabelecimento bancário que tenha recebido qualquer tipo de infração por descumpri-la. Não há conhecimento de nenhuma ação de fiscalização do Município, e aí vem o Ver. Juarez Pinheiro, revoltado com o não-cumprimento da sua Lei, e quer transformá-la em mais rigorosa. Entra no espírito petista, provavelmente, para chamar atenção da fiscalização. Já que a fiscalização não vai multar em 200 UFIRs, ele aumenta de 200 para 2.000, 1000% de aumento e de 400 para 4.000, na expectativa de que agora o Governo fiscalista do Município se interesse em vir complementar sua Lei. Mas, ao mesmo tempo em que ele gera essa possibilidade de a fúria arrecadatória do Partido dos Trabalhadores se realizar, ele cria uma despesa absolutamente inexplicável, quando ele determina que se publiquem em três jornais da Capital as multas aplicadas. Ora, o custo dessa publicação vai consumir o próprio valor das multas arrecadadas. Quem não sabe que um pequeno santinho de um candidato a Vereador custa 1 mil reais? Um edital ou coisa semelhante vai custar dois, três. Nós todos sabemos disso. Nós estamos diante de um impasse muito forte. De um lado, a nossa inclinação de votar com o Ver. Juarez Pinheiro até como uma homenagem a essa sua luta; de outro, a consciência de que nós estamos diante de uma Lei que corre o risco de ter, primeiro, o tratamento que teve a sua Lei anterior, que o Prefeito se recusou a sancionar, em homenagem a V. Ex.ª silenciou e deixou o Ver. Luiz Braz como herói. O Ver. Luiz Braz é que sancionou a Lei.

Evidentemente, Ver. Juarez Pinheiro, que V. Ex.ª, que é nosso amigo e é muito benquisto na Casa, compreende as nossas dificuldades. É difícil a gente acompanhar um integrante do Partido dos Trabalhadores que está numa causa tão boa, quando nem o seu Prefeito lhe dá cobertura. Aí é difícil para nós, da oposição, ajudar a quem não é ajudado pelos seus aliados, pelos seus companheiros. Era isto, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 084/02.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr. Vereadores, Ver. Juarez Pinheiro, autor desta justa Lei e que procura aperfeiçoar através do seu Projeto n.º 084/02. Talvez eu não use os cinco minutos, mas considero importante manifestar a opinião da Bancada do PC do B.

Em primeiro lugar, é indiscutível, Ver. Elias Vidal, a justeza da Lei, já aprovada por esta Casa. Nós sabemos o que significa o sacrifício da população aguardando, às vezes, uma hora, uma hora e meia, o seu atendimento. Sabemos que é a população mais sofrida, de menos recursos, que não pode utilizar a Internet ou outras situações. Nós sabemos que isso também se faz em cima do desemprego de milhares de trabalhadores que foram jogados na rua, sem preocupação com o usuário e sem preocupação com o trabalhador, aliás, por empresas que têm os maiores lucros neste País, que são os bancos. Afinal, o Brasil é o paraíso dos banqueiros e dos bancos nacionais e internacionais. Posto isso, é justa a Lei, é correta a Lei sem esse problema da sua eficácia, a dificuldade.

Eu comentava com o Ver. Juarez Pinheiro: onde está a grande dificuldade da denúncia; por quê? Porque a Lei original que foi pioneira não previa a fiscalização de iniciativa dos órgãos do Município.

Então, imaginem a situação: o cidadão espera uma hora e meia na fila, depois tem que encaminhar a denúncia na SMIC. Essa denúncia tem que ser encaminhada por escrito. O cidadão já estava apavorado, horrorizado, ainda vai perder tempo? Então, isso levava, por um lado, à dificuldade da aplicação da Lei. Por outro lado, também não havia uma divulgação, o conhecimento dos seus direitos. Terceiro elemento: qual era a prova? Era a denúncia do cidadão, o testemunho de um cidadão contra outro testemunho; o gerente ia lá dizer que não, que estava uma beleza.

Eu acredito que o Projeto atual do Vereador proponente supre o problema. Por quê? Primeiro, tudo bem, mantém a denúncia, mas permite a iniciativa da fiscalização, e não é preciso dizer qual é o dia que tem que fiscalizar. Quais são os dias em que há acúmulo de demanda bancária? Os dias de pagamento, os finais de meses, os tributos e assim por diante; então, além da denúncia eventual, nós sabemos que o Poder Público, através da aprovação deste Projeto, poderá ir lá, e aí ele tem fé pública, ele faz a autuação. É uma prova por si só suficiente, não é um mero testemunho.

Outra coisa que o Projeto propõe: uma campanha de educação, uma campanha de divulgação dos direitos do cidadão. Por isso o Projeto do Ver. Juarez Pinheiro tem mérito: resolve a questão da aplicabilidade.

Eu duvido que alguém venha aqui nesta tribuna defender as filas enormes que os aposentados, que os trabalhadores de menor poder aquisitivo sofrem hoje. Claro que não é todo dia. Nós sabemos. São alguns dias e com altos lucros. E não é todo dia, são dias bem determinados. Com esse Projeto, a SMIC certamente estará lá nos dias de pagamento do funcionalismo, nos dias de pagamento das contas, de pagamento dos autônomos e assim por diante, e se assim não estiver, qualquer Vereador desta Casa poderá estar lá, o autor dessa Lei, telefonar para o Vereador licenciado Adeli Sell e dizer: “Vem cá, hoje é dia 30, estou aqui, há filas quilométricas e não há nenhum fiscal aqui?” Portanto, penso que o PLL n.º 084/02 mantém a justeza do Projeto original e sana os problemas de eficácia e funcionalidade da Lei.

Por isso a Bancada do PC do B parabeniza o Ver. Juarez Pinheiro, e votará, hoje ainda, se possível, a favor deste Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores, nós precisaríamos ter 17 Vereadores no Plenário, e visivelmente não há 17 Vereadores presentes neste momento.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h34min.)

 

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